Politica

Entidades demonstram preocupação com interferência na PF com saída de Moro

Temor de que próximo ministro da Justiça e o indicado ao cargo de diretor-geral da corporação ceda a pressões do governo se espalha nas categorias policiais

O pedido de demissão do então ministro da Justiça, Sérgio Moro, levantou o temor de que o próximo ocupante da pasta e o novo diretor-geral da Polícia Federal, que será nomeado com a saída de Maurício Valeixo, atuem para minar a independência da corporação. Moro revelou que o presidente Jair Bolsonaro tentou obter acesso a relatórios sigilosos de inteligência, e que pretende nomear para o comando da PF uma pessoa com quem tenha relações bastante próximas.

Moro era visto como um escudo para evitar interferências políticas nas atividade policial. A saída dele do governo levanta preocupações de entidades de classe da área de investigação. O temor se espalha tanto dentro da própria PF quanto em unidades da Polícia Civil de todo o país, que temem perdas consideráveis no combate a criminalidade, a corrupção e ao tráfico de drogas e as milícias.

Dentro da PF, a conversa de bastidores é que o órgão está sob ataque, e mais do que nunca está com sua autonomia ameaçada. Esse tipo de receio não ocorreu mesmo durante as fases mais amplas das Lava-Jato, que atingiu a cúpula do Poder Executivo e do Legislativo, levando para a cadeia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Câmara, Eduardo Cunha.

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Em nota, a “Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) afirmou que “o ministro Sérgio Moro cumpriu seu papel com dedicação e comprometimento, garantindo a independência da Polícia Federal durante todo o período que ocupou o cargo”. Para a entidade, independentemente de quem ocupe o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Direção-geral da PF, a Polícia Federal precisa manter sua linha de autonomia e independência nos trabalhos e investigação”.

Em nota, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Judiciária (ADPJ), que representa delegados das policias civis de todos os estados,  afirmou que “a Polícia Federal, bem como todas as Polícias Civis, são instituições de Estado que devem se ocupar do exercício de suas funções para o atendimento da sociedade, sendo o seu uso político verdadeira afronta aos fundamentos do Estado Democrático de Direito”.