Correio Braziliense
postado em 24/04/2020 17:00
A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, Lídice da Mata (PSB-BA) comentou, em uma live, ações da Câmara contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, após a demissão de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Além de pedidos de impeachment, a deputada destacou que colegas de legenda já colhem assinaturas para uma CPI para investigar as denúncias que Moro fez contra o presidente da República, entre elas, de aparelhar a Polícia Federal e de falsificar a assinatura do ex-juiz na exoneração do diretor geral da PF, Maurício Valeixo.Na live, Lídice disse ver relação entre a dita preocupação de Jair Bolsonaro com investigações da Polícia Federal contra seus filhos, por envolvimento com fake news, e o trabalho da CPMI. “As investigações iniciadas no Supremo Tribunal Federal (STF), que investigam a prática de fake news contra as autoridades e os ministros, e que coincidem com o período da instalação da CPMI, teriam chegado até a porta da casa do presidente. Teria alcançado Carlos Bolsonaro. E coincide, também, com o Eduardo (Bolsonaro) indo até o STF para parar a prorrogação do prazo da comissão, tentando criar uma cortina de fumaça sobre o processo que interessava a ele, de investigação de fake news contra o Supremo”, afirmou.
Questionada sobre ilegalidades na demissão de Valeixo, ela destacou Três pontos que chamaram sua atenção. “Um é que ele diz ao presidente que era importante manter, fosse quem fosse, que mantivesse uma postura de não intervenção política na PF, e o presidente diz que é uma intervenção política sim. Isso é muito grave. Outra é quando ele afirma que o presidente disse que está preocupado com o inquérito do Supremo, que Seria outra ilegalidade. Há um cometimento de crime nessa direção. E também diz que não haveria intervenção só na superintendência geral, mas generalizada, mudando diversas superintendências, dando uma ideia de que o presidente quer interferir em investigações. Ele diz que queria um superintendente que pudesse pegar o telefone e perguntar sobre investigações e o superintendente lhe informar. Isso é uma quebra total na legalidade”, criticou.
Nesse ponto da live, a parlamentar cita a intenção do PSB de criar uma CPI. Lídice é questionada sobre a intenção do presidente de transformar a PF em uma “guarda palaciana de proteção partidarizada”. “Essas denúncias abrem uma discussão que já ocorria nos bastidores, sobre o impeachment do presidente. Dois advogados entraram com um pedido sem nenhuma motivação político-partidária, mas pelas ações do presidente em relação ao enfrentamento da pandemia. E o presidente fez movimento de buscar apoio do centrão para garantir votos. Isso ficou claro no noticiário nacional, inclusive com a informação dos cargos em negociação, Caixa Econômica, Banco do Nordeste, Codevasf e outras grandes instituições nacionais”, elencou.
“Agora, a informação de um ministro que foi para o governo levando uma grife do combate a corrupção, e uma grife da Lava Jato, o presidente perde apoio. Já há, na Câmara, movimentação para instalação de uma CPI. Para que o ministro Moro possa reafirmar tudo o que falou em sua demissão e que se possa investigar esse processo, da demissão do superintendente e demissão de Moro. A palavra está com o presidente, que tem que se explicar. Na denúncia de Moro há claro cometimento de crime contra a República, contra a Constituição”, disse.
Saiba Mais
Lídice também destacou que o mais importante, no momento, deve ser o combate ao coronavírus. “O papel do congresso é muito importante na defesa da democracia, manutenção de Congresso aberto atuante, com medidas de proteção a população em uma pandemia, de defesa à vida dos trabalhadores. Proteção da renda básica, da micro e pequena empresa. E o Congresso tem mostrado o desejo de contribuir, e abre mão de metas orçamentárias para dar ao governo a possibilidade de gastar com liberdade para o combate à pandemia. Tem dado uma contribuição enorme. Afirma um caminho democrático que não é a posição que o presidente tem demonstrado”, avaliou.
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