Correio Braziliense
postado em 25/04/2020 04:04
O anúncio da saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, ontem pela manhã, repercutiu imediatamente no meio político. O ex-presidente Michel Temer alertou, em nota, que o momento exige equilíbrio. “O Brasil está atravessando a maior crise da sua história. Sanitária, econômica e agora uma crise política. Para crise sanitária e econômica, precisamos de união, solidariedade e muita energia. Para crise política as palavras chaves são equilíbrio e responsabilidade. Só assim sairemos maiores de todas elas”, escreveu.
Dilma Rousseff afirmou em uma rede social que “se o sr. Moro tivesse 10% da sinceridade que tentou transmitir na entrevista-delação contra Bolsonaro, seu ex-chefe, teria aproveitado e pedido desculpas ao povo brasileiro por todas as mentiras que contou sobre Lula.” O senador e ex-presidente Fernando Collor (PROS-AL), afirmou, por sua vez, que Moro “fez revelações gravíssimas, que deixam o governo numa posição constrangedora e vulnerável. O quadro institucional é nebuloso.”
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, considerou a saída de Moro como uma perda no combate à corrupção. “Há pessoas que gostam mais e pessoas que gostam menos do ministro Sergio Moro, mas o fato é que ele é o símbolo deste processo histórico. Eu acho que isso revela, como fatos já vinham revelando, um certo arrefecimento desse esforço de transformação do Brasil”, opinou.
No Congresso, o primeiro vice-líder do PT na Câmara, José Neto (BA) comentou o momento crítico por que passa o governo Bolsonaro. E ressaltou a conduta dos governos petistas, investigados por Sergio Moro durante a operação Lava-Jato. “Podem criticar o PT. Mas fomos, por demais, republicanos. E o reconhecimento dele nesse um ano e poucos meses à frente do Ministério da Justiça é o inverso do que disseram que teriam como horizonte. É o inverso do que o governo PT fez. Fizemos com que a Polícia Federal tivesse autonomia, ampliamos recurso, demos independência para o Ministério Público, e o procurador deixou de ser o advogado do presidente. Fica a constatação de que é preciso respeitar as instituições, fortalecê-las e dar ao Estado de direito o contorno que ele merece”, criticou o vice-líder do PT.
Na Câmara, aliados de Bolsonaro se limitaram a reafirmar apoio ao presidente. O deputado Marco Feliciano (Podemos-SP) publicou mensagem apenas com a hastag #FechadoComBolsonaro. No Senado, um dos maiores defensores de Moro e da operação Lava Jato na Casa, Alvaro Dias (Podemos-PR), disse que seu partido voltará a convidar Moro para se filiar à legenda e disputar a Presidência”. “Ele seria o mais forte dos candidatos”, afirmou. Os presidentes das duas Casas, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) não comentaram.
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