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Inquérito servirá para ganhar tempo no Congresso
Diante Da crise política deflagrada com a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça, o governo trabalhará para arrefecer as iniciativas de novas CPIs ou pedidos de impeachment com o seguinte raciocínio: antes de qualquer atitude no Parlamento, será preciso aguardar o resultado do inquérito pedido pelo procurador-geral Augusto Aras, que, certamente, será aceito pelo Supremo Tribunal Federal.
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Assim, aberto o inquérito, o próximo lance será a oitiva de Moro pela PGR e pelo STF. Até lá, a missão da base política será “tourear” os pedidos. A avaliação é a de que, enquanto estiverem restritos aos partidos de oposição, Bolsonaro tem uma boa janela para tentar se recuperar.
STF, a barricada
Assim como deu aos governadores e prefeitos a prerrogativa de decidir sobre o isolamento social para evitar que o presidente Jair Bolsonaro determinasse a volta ao trabalho sem embasamento técnico, a decisão do ministro Alexandre Moraes de manter os delegados nos inquéritos considerados sensíveis pelo Planalto também é visto como uma forma de evitar interferências sem base nessa seara. Até ontem, o Planalto não havia apresentado recurso contra a decisão do ministro.
Assustou geral
A divulgação das mensagens que Moro trocou com Bolsonaro e com a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), sobre a mudança na Polícia Federal, não estava nos cálculos do presidente quando fez o pronunciamento na TV.
A ordem dos fatores...
Ao escolher o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, para diretor-geral da Polícia Federal, antes de anunciar o novo ministro da Justiça, o presidente criou mais um problema: a PF, como informou a coluna ontem, não costuma acolher como “parceiro para toda obra” um diretor-geral que chega por indicação política. Foi assim com Fernando Segóvia, escolhido por Michel Temer, que durou 99 dias no cargo.
… nesse caso altera o produto
A ação de tirar Maurício Valeixo sem uma justificativa técnica, apenas para colocar alguém com quem tivesse relação pessoal, só vai piorar a situação. Se Bolsonaro estivesse disposto a preservar a imagem de autonomia perante os delegados da PF, teria, primeiro, definido o ministro e dado a ele a liberdade de escolher o novo diretor-geral e os superintendentes.
Moro deu a dica
Ao citar o Rio de Janeiro e Pernambuco como os estados nos quais Bolsonaro queria trocar os superintendentes da PF, Moro deixou uma pista que será seguida pela oposição: no Rio, estão os filhos e, em Pernambuco, aliados como o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB), que responde a ação de improbidade. “Jamais conversei com o presidente sobre a Polícia Federal”, disse o líder à coluna.
CURTIDAS
Mudança no Porto de Santos I/ Diante da fumaça provocada pela queda de Moro, passou despercebida a saída de Casemiro Tércio Carvalho do comando da Santos Port Authority (SPA). Será substituído interinamente pelo diretor de Administração e Finanças, Fernando Biral.
Mudança no Porto de Santos II/ Lá a situação também não está tranquila, com a resistência da SPA em renovar os contratos de empresas que atuam no porto –– e têm direito à renovação. Há quem diga que existe o interesse em colocar outros atores na área. As pessoas estão com receio de perder empregos. Só uma das companhias emprega seis mil.
Perde-ganha/ Pela primeira vez, Bolsonaro perdeu seguidores nas redes sociais, num total de 41,9 mil, conforme levantamento da consultoria Bites (veja detalhes no Blog da Denise, em www.correiobraziliense.com.br). Porém, a hashtag #FechadocomBolsonaro atingia 374 mil posts no início da noite, liderando o ranking político.
A turma que cala/ A consultoria avaliou também o comportamento dos deputados federais. Do total de posts publicados nos perfis oficiais dos parlamentares, 45% tiveram origem em contas do PT. Políticos de legendas de centro pouco falaram, esperando o desdobramento da crise nas próximas 72h.
Na sala/ A turma aliada ao presidente não gostou de ver as citações a Fabrício Queiroz (foto) no pronunciamento do presidente. É trazer de volta o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, de quem todos os mais próximos querem distância.
Pensando bem.../ O Brasil, realmente, merece ser estudado. Nenhum outro país gerou um fato capaz de deixar o coronavírus em segundo plano no cenário político. É... pois é.
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