Correio Braziliense
postado em 26/04/2020 11:19
Enquanto Bolsonaro ignora as recomendações internacionais e tenta pôr fim ao isolamento, Congresso e Supremo Tribunal Federal (STF) assumem boa parte da responsabilidade pelo combate ao novo coronavÃrus, afirmam brasilianistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. Para eles, o Executivo enfraquecido permanece no cenário pós-crise e o comportamento do presidente deixa como herança a recuperação mais lenta da economia e uma reputação internacional manchada.
Apesar de a maior parte dos pesquisadores concordar que as instituições oferecem um freio à s atitudes de Bolsonaro, alguns questionam se elas são realmente suficientes para impedir uma escalada antidemocrática no PaÃs.
Exemplo citado é o episódio do último domingo, 19, quando o presidente participou de atos que pediram fechamento do Congresso e intervenção militar. Nele, as instituições mostraram-se mais fortes e adaptáveis do que se poderia esperar, diz Peter Hakim, presidente emérito e membro sênior da ONG Diálogo Interamericano.
O tom de confronto adotado nos atos pelo mandatário ocorre após várias derrotas do governo na pandemia. Para Hakim, as instituições polÃticas e cÃvicas estão atuando de forma responsável na crise do coronavÃrus, mas isso não é possÃvel evitar completamente os prejuÃzos que Bolsonaro tenha causado.
O brasilianista Georg Walter Wink, do Centro de Estudos Latino-Americanos (CLAS), enxerga nesse cenário um fortalecimento do Congresso, consequência "quase inevitável" da estratégia bolsonarista de abdicar dos tradicionais mecanismos de negociação com o legislativo. "Vejo uma tendência em direção a um parlamentarismo 'velado' que, apesar da disfuncionalidade do executivo, realiza as reformas anunciadas, sobretudo macroeconômicas."
Apesar do fortalecimento das instituições, é preciso ter em vista que elas foram criadas para ter um presidente forte, o que não tem ocorrido, diz David Samuels, professor da Universidade McKnight.
"A questão central parece ser a incapacidade ou a falta de vontade do presidente em usar o poder de sua posição para coordenar com o Congresso e avançar com reformas e ações abrangentes que levariam o Brasil adiante", diz o professor.
PrejuÃzo à imagem do PaÃs
O prejuÃzo à imagem do PaÃs perante o resto do mundo é consenso entre os brasilianistas. Para Georg Walter Wink, "o Brasil que parecia estar se desenvolvendo e 'normalizando', a partir de uma visão europeia, desde os governos de FHC, voltou a ser um paÃs exótico, de radicalismo, isolamento e obscurantismo na polÃtica". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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