Politica

Amigo da família de Bolsonaro, Jorge Oliveira substituirá Moro na Justiça

Oliveira resistiu a aceitar o cargo e chegou a sugerir um nome mais técnico para substituir Sergio Moro

Correio Braziliense
postado em 26/04/2020 17:13

Jorge Oliveira, escolhido por Bolsonaro para ocupar o cargo de Ministro da Justiça e Segurança PúblicaO presidente Jair Bolsonaro decidiu que Jorge Oliveira, atualmente no cargo de secretário-geral da Presidência, será o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, no lugar de Sergio Moro, que pediu demissão na sexta-feira (24/4). Pesou na escolha de Oliveira, que é advogado e major da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal, o fato de ele ser o preferido da família do presidente, da qual é amigo.

 

Oliveira, 44 anos, que se reuniu com o presidente no Palácio da Alvorada no sábado (25/4), resistiu a aceitar o convite, por conta das acusações de Sergio Moro de que Bolsonaro tenta intervir politicamente na Polícia Federal para ter acesso a investigações sigilosas do órgão. Oliveira argumentava que, nessa situação, era recomendável um nome técnico para a pasta. Com a insistência de Bolsonaro, acabou aceitando a indicação.

 

O pai de Oliveira trabalhou com o presidente durante 20 anos, quando Bolsonaro era deputado. O próprio futuro ministro já foi assessor parlamentar de Bolsonaro e, depois, chefe de gabinete na Câmara de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.

 

Oliveira também foi padrinho de casamento de Eduardo Bolsonaro. A cerimônia foi realizada em 2019.

 

O escolhido por Bolsonaro para comandar o Ministério da Justiça e Segurança Púbica atuou, entre 1993 e 2013, como oficial da Polícia Militar do DF. Ele também já trabalhou como assessor parlamentar na Câmara Legislativa do Distrito Federal, entre 2003 e 2013.

 

Oliveira tem pós-graduação em Direito Público pelo Instituto Processus, de Brasília, e especialização em Gestão de Segurança Pública.

 

Além do nome do novo ministro, o presidente já havia decidido que Alexandre Ramagem, atual diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), será o novo diretor-geral da PF. Ele vai substituir Maurício Valeixo, cuja demissão, na sexta-feira, foi o estopim para a decisão de Moro de deixar o governo.

 

Ramagem, delegado da PF, trabalhou como segurança de Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018. A partir dali construiu uma forte amizade com a família, tendo, inclusive, comemorado a virada de 2018 para 2019 em uma festa ao lado do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), um dos filhos do presidente. 

 

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) anunciou no sábado que vai apresentar uma ação na Justiça para impedir que Ramagem assuma o cargo de diretor-geral da Polícia Federal. O parlamentar argumentou que a indicação comprometerá a autonomia da PF e as investigações do órgão.

 

Com essas definições, o presidente Bolsonaro terá dois amigos da família à frente de órgãos altamente estratégicos do governo.

 

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