Correio Braziliense
postado em 27/04/2020 04:12
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) reagiu ontem às polêmicas declarações feitas por Sergio Moro, ao anunciar a saída do Ministério da Justiça e Segurança Pública, de que o presidente Jair Bolsonaro quis colher relatórios de inteligência da corporação e que ele exonerou Maurício Valeixo do posto de diretor-geral da PF para escolher alguém com quem tivesse mais intimidade para conversar sobre as investigações em curso na instituição.
Em carta aberta ao presidente, a entidade alerta que “a PF atua em meio a uma cultura institucional arraigada que repudia desvios de qualquer espécie e cultua uma neutralidade político-partidária” e que “há uma crise de confiança instalada” na corporação após as revelações do ex-ministro. Além disso, em meio aos rumores de que Bolsonaro vai nomear para o posto deixado por Valeixo o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre RamageM — amigo do presidente e dos filhos dele —, a associação destaca que o próximo diretor-geral da PF terá de “demonstrar que não foi nomeado para cumprir missão política dentro do órgão”.
“Da maneira como ocorreu (a saída de Moro), há uma crise de confiança instalada, tanto por parte de parcela considerável da sociedade, quanto por parte dos delegados de Polícia Federal, que prezam pela imagem da instituição. Nenhum delegado quer ver a PF questionada pela opinião pública a cada ação ou inação. Também não quer trabalhar sob clima de desconfianças internas”, diz um trecho da carta.
No documento, os delegados pedem que Bolsonaro “firme um compromisso público de que o novo diretor-geral da Polícia Federal terá total autonomia para formar sua equipe e conduzir a instituição de forma técnica e republicana, sem obrigações de repassar informações ao governo federal, ou instaurar ou deixar de instaurar investigações por interesse político ou intervir em qualquer outra já existente”.
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