Politica

Joice espalha o veneno fake

Em áudio divulgado nas redes sociais, deputada do PSL pede a apoiadores que criem perfis para combater ataques de hostes bolsonaristas. A parlamentar afirmou que vai acionar a PF para investigar suposta invasão do celular e renovou as críticas ao presidente

Correio Braziliense
postado em 29/04/2020 04:03
A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) provou do próprio veneno que denunciou na CPMI das Fake News, em que revelou a existência de uma máquina de fake news capitaneada pelo clã Bolsonaro. Em áudio publicado pela TV Record e por perfis bolsonaristas no Twitter, a deputada pesselista pede a criação de perfis nas redes sociais para apoiá-la. Na gravação, Hasselmann diz: “Acabei de chegar em São Paulo. Cheguei há pouco para umas entrevistas, mas podia falar com a turma aí para fazer vários perfis e entrar de sola no Twitter, especialmente, Instagram, porque eles estão colocando todas as milícias lá e robôs para cima de mim, entendeu?”, disse. Após a divulgação do áudio, a hashtag #GabineteDaPeppa foi para a lista de assuntos mais comentados no Twitter.

Em resposta à divulgação do áudio, a parlamentar admitiu ter pedido “a criação de perfis para esclarecer as fakes” e mencionou especificamente dois deles, chamados “‘EquipeJH’, ‘VerdadeJH’. Ocorre que os perfis mencionados não  são oficiais. Existe um perfil no Twitter chamado “EquipeJH” com data de criação de julho do ano passado. Nele, consta o nome da deputada escrito de forma errada, “Jioce Hessalnamm”, com a foto de um porco de pelúcia de peruca, um dos personagens da série infantil “Muppets”. Outro perfil, “@VerdadeJH”, foi criado em março deste ano e é claramente uma crítica à deputada, com o nome “Gabinete da Peppa” e, na descrição, “a primeira agência de fact-checking do bacon”.
A assessoria de Joice Hasselmann não informou a data do áudio divulgado. Ao Correio, enviou uma declaração da parlamentar na qual ela diz ter pedido ajuda a grupos de WhatsApp de apoiadores “para entrarem na luta contra as milícias” com ela. “Não sei quantos perfis novos de apoio vieram, nem os nomes, apenas pedi ajuda”, disse. Joice afirma que quando falou em “Equipe JH”, se referiu à forma como as publicações são assinadas em seu Instagram, quando não é ela que responde, e sim sua equipe.

“Não é um perfil, mas uma assinatura. Por esse motivo dei esses exemplos mesmo sem checar. Por irônica coincidência, caiu nesses dois perfis. São exemplos das centenas de fakes que estão por aí e que mostram a forma rápida de atuação da milícia. O gabinete do ódio está criando perfis falsos com meu nome e os criminosos serão denunciados”, pontuou. Em um vídeo publicado nas redes sociais, Joice afirma que não há nada de ilegal ou imoral no áudio em que ela pede criação de perfis. “Em nenhum momento em falo de perfis falsos ou inclusão de robôs. Quem faz essa sujeira é essa gente que está lotada em gabinetes dos bolsonaristas e também no Palácio do Planalto”, disse.

A deputada afirmou que irá pedir à PF uma investigação para saber se o seu celular foi grampeado. “Quem está por trás disso? No momento em que o presidente vem a público com a informação falsa de que eu teria pedido a criação de perfis fakes, o que não é verdade, o presidente imediatamente assina o atestado de culpa de que ele é o capitão do gabinete do ódio”, disse.

Na última segunda-feira (27), na porta do Palácio da Alvorada, o presidente não citou o nome de Joice, mas descreveu uma fala parecida com a da parlamentar, dizendo ainda que tinha posse do áudio há mais de um mês. “Se eu tivesse um áudio de uma deputada muito conhecida aí, ela passando para uma pessoa e falando o seguinte: 'Olha, cria mais uns perfis falsos aí para atacar fulano de tal'. Você acha que ia pegar mal para essa deputada?”, provocou Bolsonaro, informando ainda que seria uma parlamentar de direita e de São Paulo.

Joice Hasselmann, que durante a campanha de 2018 atuou ao lado de Jair Bolsonaro, rompeu com ele ainda no ano passado e se tornou uma das grandes inimigas do bolsonarismo. Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fakes News, em dezembro do ano passado, ela acusou os filhos do presidente de comandarem uma rede de ataques por meio das redes sociais, chamada de “gabinete do ódio”. Na ocasião, ela disse que cada atuação de robô custa, em média, R$ 20 mil e que há dinheiro público envolvido

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