Correio Braziliense
postado em 30/04/2020 11:45
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) — grupo que engloba 40 entidades científicas — publicou nessa quarta-feira (29), uma carta destinada ao atual ministro da saúde, Nelson Teich, cobrando que a pasta trace um plano de ações com embasamento científico para conter a pandemia do novo coronavírus.No texto, assinado pelo Presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, destacou-se o crescente no número de mortos em decorrência do novo coronavírus e o "colapso no sistema de saúde de muitas localidades brasileiras”, para cobrar medidas pertinentes do governo.
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“Se nada for feito nos próximos dias, os pronunciamentos do MS (Ministério da Saúde) se resumirão a informar o número de mortos”, afirma.
Os cientistas relatam ainda que aguardam um plano de ação do ministro para que seja feito “um combate direto e eficaz da pandemia”. “Esse plano deve conter ações emergenciais a serem implementadas o mais rapidamente possível e divulgadas, de forma a garantir a transparência das ações do ministério no atual momento sanitário pelo que passa o país”, orientam.
Os cientistas também solicitam que a pasta siga as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), e recomende o isolamento dos casos e o distanciamento social, para que assim, o sistema de saúde não seja sobrecarregado e haja uma contenção no aumento do número de vítimas.
“É fundamental que a população se sinta amparada e possa ouvir uma voz uníssona que reforce essas diretrizes, assumindo uma conduta única, em consonância com o que os cientistas de todo mundo pregam.”
A carta reitera que o plano de ação do ministério precisa ser baseado em dados científicos e em atitudes que surtiram efeitos positivos na contenção da COVID-19 em outros países “poupando uma quantidade enorme de vidas”, e finaliza: “a principal preocupação no momento tem que ser o respeito à vida!”
Investimento em pesquisa
Na mesma data (29), desta vez endereçada ao ministro da Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, assinada pelo Presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira e pelo Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, questionou a falta de investimentos em pesquisa básica e a restrição de temas de pesquisa consideradas não prioritárias.
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A carta também pontua uma incoerência em um texto apresentado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) quanto ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica ( PIBIC), que afirma que “As bolsas de IC buscam inserir os jovens na cultura científica, despertando a vocação pela ciência, promovendo a formação de novos pesquisadores e o fortalecimento de grupos de pesquisa e impulsionando a política científica institucional.” O SBPC afirmou que concorda “inteiramente com a afirmação", no entanto, apontou a incompatibilidade do discurso com relação as medidas apresentadas.
Os cientistas propõe a discussão entre o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e representantes da comunidade científica, “para discutir as prioridades ali colocadas e, em especial, o ponto que nos preocupa muito: a não definição clara de estratégias e prioridades referentes à pesquisa básica”, e finaliza apontando exemplos bem sucedidos de discussões anteriores entre cientistas e o governo.
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