Politica

Brasília-DF

Correio Braziliense
postado em 01/05/2020 04:03


O “vespeiro” que
espera o diretor da PF


O interesse do governo em resolver logo a posse de Alexandre Ramagem na diretoria da Polícia Federal é ter ali alguém da confiança do presidente para acompanhar de perto a escolha do delegado que presidirá o inquérito aberto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, sobre as denúncias do ex-ministro Sergio Moro. Só tem um probleminha: o último diretor da PF que tentou embaralhar as cartas dos delegados que atuam junto ao Supremo Tribunal Federal ficou 99 dias no cargo.

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O grupo de inquéritos junto ao Supremo Tribunal Federal, chamado internamente de GINQ, foi que terminou por levar Fernando Segóvia ao afastamento do posto de diretor-geral em 2018. Naquela época, o delegado Josélio Azevedo de Souza enviou um memorando à corporação avisando que entraria com medidas judiciais contra Segóvia, se houvesse interferência nas investigações do GINQ, onde havia inquéritos de interesse do MDB. Antes que a ação judicial fosse aberta, o então ministro
da Justiça, Raul Jungmann, afastou Segóvia.

Lava-Jato na veia

Aberto o inquérito no Supremo, a definição do delegado que presidirá essa apuração será feita pela diretoria de Investigação e Combate ao crime organizado, hoje comandada por Igor Romário de Paula. O diretor trabalhou na força-tarefa da Lava-Jato, em Curitiba. O coordenador de Combate à corrupção é Adriano Anselmo, outro “lavajatista”.

Agora é que lascou

A rispidez com que o presidente Jair Bolsonaro se referiu ao ministro do STF Alexandre Moraes, por causa da suspensão da posse de Alexandre Ramagem na PF, foi vista como mais um entrave para que o caso tenha o desfecho nos termos do que deseja o chefe do Planalto. No caso da deputada Cristiane Brasil, foram quase dois meses entre a suspensão da posse pela justiça e a desistência da nomeação.

PT corre atrás...


O ex-presidente Lula vai aproveitar o Dia do Trabalho para tentar ultrapassar a barreira de falar de suas ideias para os seus seguidores mais fiéis. Até dentro do PT, há quem considere que o líder maior perdeu espaço para o centro e ainda não conseguiu se posicionar dentro do cenário político.

… de espaço no palco

Hoje, a disputa está muito mais entre o presidente Jair Bolsonaro e os nomes próximos do centro, como o governador João Doria, do que propriamente entre Bolsonaro e a esquerda.

Vai dar Ibope, mas…

Ninguém entendeu por que o governo foi buscar o Ibope e não o IBGE para testes em massa de Covid-19 na população. Para completar, chegam informações de que o Ibope chamará para realização dos exames de sangue as mesmas pessoas que fazem suas entrevistas de campo, sem qualquer treinamento na área de saúde.


Não colou I/
O fato de o presidente Jair Bolsonaro não entregar o resultado do exame de Covid-19 para se preservar foi rebatido nas redes sociais com as fotos dos tempos de hospital, onde o candidato se deixava fotografar com a bolsa de colostomia à mostra.

Não colou II/ O argumento de que, se Alexandre Ramagem não pode comandar a Polícia Federal, não poderia chefiar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi visto no STF como total falta de assessoramento jurídico. Afinal, o Supremo age quando provocado, e ninguém reclamou da presença na Abin, considerada uma repartição de assessoramento direto ao governo — o que não é o caso da Polícia Federal.

Sentiu o tranco/ O presidente à noite, na live, mudou de tom em relação a Alexandre Moraes e foi afável ao fazer apelos de celeridade ao Supremo Tribunal Federal. Também foi mais solidário àqueles que perderam seus entes queridos vítimas da Covid-19.



Nem tanto/ Porém, reforçou a diferença em relação ao novo ministro da Saúde. Nelson Teich (foto), em coletiva, falou que não muda nada em relação ao isolamento. Bolsonaro, por sua vez, repetiu que o vírus vai contaminar todo mundo mesmo e que as medidas de isolamento não surtiram resultado. Moral da história: não está ouvindo seu próprio ministro.

Dia do Trabalho/
E uma folga. A coluna de amanhã estará a cargo do nosso editor, Carlos Alexandre. Bom feriado a todos! Dentro de casa, é claro.



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