Politica

''Ninguém vai querer dar o golpe para cima de mim, não'', diz Bolsonaro

Presidente enfrenta um momento de forte desgaste com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e com o Supremo Tribunal Federal

Correio Braziliense
postado em 02/05/2020 14:23

BolsonaroO presidente Jair Bolsonaro disse, na manhã deste sábado (2/5), que não será alvo de nenhum "golpe" no governo. A declaração foi dada a um grupo de apoiadores que se aglomeravam em frente ao Palácio do Alvorada.

 

"Ninguém vai fazer nada ao arrepio da Constituição", disse Bolsonaro. "Ninguém vai querer dar o golpe para cima de mim, não", declarou. Após o comentário, Bolsonaro entrou no carro e partiu, sem dizer exatamente ao que se referia. A assessoria do presidente não informou o destino de Bolsonaro ao deixar o Alvorada.

 

Bolsonaro enfrenta um momento de forte desgaste com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e com o Supremo Tribunal Federal. Em 20 de abril, ele participou de um ato público que pedia intervenção militar no país e o fechamento da Câmara e do STF.

 

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada, neste sábado, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, disse que, numa democracia, a maneira de se administrar a decepção é com eleições. "Impeachment é a última opção", afirmou.

Sem se debruçar sobre acusações com potencial de levar Bolsonaro a deixar o governo depois de Dilma Rousseff (2016) e Fernando Collor (1992), o ministro foi taxativo: "É preciso que os fatos sejam graves, demonstrados".

 

Depoimento de Moro

 

Neste sábado, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, vai prestar depoimento à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República em Curitiba (PR), sobre as acusações de intervenção de Bolsonaro na PF.

 

Nesta sexta (1º/5), Bolsonaro esteve reunido por cerca de três horas com o novo ministro da Justiça, André Mendonça, no Palácio da Alvorada. O compromisso não contava na agenda oficial das autoridades.

 

Moro deixou o ministério na semana passada fazendo acusações diretas ao presidente e exibiu, no Jornal Nacional, da TV Globo, mensagem de Bolsonaro cobrando mudança no comando da PF, por causa de investigações envolvendo deputados bolsonaristas.

 

As informações levaram o ministro do STF Alexandre de Moraes a determinar a suspensão de Ramagem no dia de sua nomeação, o que pegou o governo de surpresa e deixou Bolsonaro indignado. Se no dia o presidente disse que entendia e respeitava a decisão do Judiciário, no outro declarou que não tinha "engolido" ainda o assunto.

 

Na quinta-feira (30/4), Bolsonaro declarou, em transmissão feita por meio das redes sociais, que tinha feito um "desabafo" ao avaliar como motivação política a decisão do ministro Alexandre de Moraes, de barrar a nomeação de Ramagem.

 

Bolsonaro voltou a insistir para que o STF reveja a decisão e pediu para que os ministros levem em conta o currículo do policial. Na PF desde 2005, Ramagem tem experiência no combate ao crime organizado e de colarinho branco, mas teve a indicação criticada por conta do lobby que os filhos do presidente fizeram para que ele fosse o escolhido em substituição a Maurício Valeixo.

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