Correio Braziliense
postado em 04/05/2020 04:11
Entidades e autoridades repudiaram a manifestação de ontem, na Esplanada dos Ministérios, a favor do governo e contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). Durante o ato, equipes de reportagem foram agredidas física e verbalmente.
O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, afirmou que as manifestações que ocorreram na Esplanada e pediram o fechamento do Supremo e do Congresso Nacional estão “dentro da democracia”, mas é necessário protestar dentro da legalidade. “Alguns pediam, inclusive, o fechamento do Congresso e do Supremo. Devo dizer que considero essas manifestações um exercício da liberdade de expressão dentro de uma democracia... Nessa manifestação, houve agressões a jornalistas. Aí, a questão muda de figura. Não são mais manifestantes, são criminosos”, acusou, em entrevista à Globonews.
Barroso também comentou declarações do presidente Jair Bolsonaro de que as Forças Armadas estão do lado do governo. “A mim, pessoalmente, só me preocupou uma coisa: a invocação de que as Forças Armadas apoiavam o governo. Acho que esse é um fato que traz algum grau de preocupação. As Forças Armadas são instituições do Estado, subordinadas à Constituição e, portanto, não estão dentro de governo, não estão vinculadas a governo algum”, argumentou.
A ministra Cármen Lúcia, também do STF, criticou a transgressão à liberdade de imprensa. “É inaceitável, é inexplicável que ainda tenhamos cidadãos que não entenderam que o papel de um profissional da imprensa é o papel que garante, a cada um de nós, poder ser livre”, destacou. Por sua vez, o ministro Alexandre de Moraes frisou que agressões contra jornalistas devem ser repudiadas “pela covardia do ato e pelo ferimento à democracia e ao Estado de direito”.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu por meio de redes sociais. “No Brasil, infelizmente, lutamos contra o coronavírus e o vírus do extremismo, cujo pior efeito é ignorar a ciência e negar a realidade. O caminho será mais duro, mas a democracia e os brasileiros que querem paz vencerão”, escreveu. Ele afirmou que os agressores devem responder judicialmente e lembrou que, um dia antes, bolsonaristas atacaram profissionais de enfermagem na Praça dos Três Poderes. “Ontem, enfermeiras ameaçadas. Hoje (ontem), jornalistas agredidos. Amanhã, qualquer um que se opõe à visão de mundo deles. Cabe às instituições democráticas impor a ordem legal a esse grupo que confunde fazer política com tocar o terror.”
Moro
Ex-aliado e agora desafeto de Bolsonaro, Sergio Moro também manifestou-se. “Democracia, liberdades — inclusive de expressão e de imprensa —, Estado de direito, integridade e tolerância caminham juntos, e não separados”, postou.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) condenou os ataques. “Tais agressões são incentivadas pelo comportamento e pelo discurso do presidente Jair Bolsonaro. Seus ataques aos meios de comunicação, teorias conspiratórias e comportamento ofensivo fomentam um clima de hostilidade à imprensa”, diz o comunicado. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) também mostrou repúdio. “Além de atentarem de maneira covarde contra a integridade física daqueles que exerciam sua atividade profissional, os agressores atacaram frontalmente a própria liberdade de imprensa.”
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