Politica

Mourão também critica STF

Vice-presidente diz que cada Poder da República deve "navegar dentro dos limites da sua responsabilidade", descarta um movimento golpista dentro das Forças Armadas e reitera o compromisso de Bolsonaro com a democracia

Correio Braziliense
postado em 05/05/2020 04:03
Mourão sobre Bolsonaro:

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, criticou a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) em razão de recentes decisões da Corte que barraram atos tomados pelo presidente Jair Bolsonaro. Na avaliação de Mourão, “cada um tem que navegar dentro dos limites da sua responsabilidade”. “Os casos mais recentes, que foi da nomeação do diretor-geral da Polícia Federal, a questão dos diplomatas venezuelanos (o governo brasileiro tentou expulsá-los, mas foi impedido), eram decisões que são do presidente da República. É responsabilidade dele, é decisão dele escolher seus auxiliares, assim como chefe de Estado ele é o responsável pela política externa do país”, afirmou o vice-presidente, em entrevista à Rádio Gaúcha.

Para o vice-presidente, “os Poderes têm que buscar se harmonizar mais e entender o limite da responsabilidade de cada um”. “Hoje existe uma questão de disputa de poder entre os diferentes poderes, existe uma pressão muito grande em cima do poder Executivo", frisou.

Em relação aos atos do último domingo, Mourão minimizou as palavras de Bolsonaro, que avisou ter chegado “ao limite”, que não haveria mais conversa e que tem o apoio das Forças Armadas. “Quando o presidente se refere ao apoio das Forças Armadas, é o apoio institucional à pessoa dele como chefe de Estado e chefe de Governo”, disse.

Mourão reiterou que não existe risco de uma intervenção militar no Brasil. “Não vejo motivo nenhum. Em primeiro lugar porque, naquela manifestação, assim como tinha gente que pedia ou propunha ideias mais radicais e que no final das contas não param em pé, tinha uma maioria que estava pura e simplesmente para apoiar o governo do presidente Bolsonaro. Então, ela é uma manifestação com pessoas que professam, vamos dizer assim, diferentes versões do que julgam necessário”, alegou.

O vice-presidente ainda enfatizou que Bolsonaro é fiel ao ideal democrático. “Ele tem um compromisso que ele jurou aí defender a Constituição. Ele não vai ultrapassar esses limites, ele deixa isso bem claro. A gente tem de se balizar muto mais pelas ações do que muitas vezes pelas palavras que são ditas em um momento de maior exaltação”, disse.

Nota da Defesa

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, também se pronunciou após os atos antidemocráticos de domingo. Em nota, afirmou que as Forças Armadas “cumprem a sua missão constitucional” e que elas “estarão sempre ao lado da lei, da ordem, da democracia e da liberdade”. O comunicado foi divulgado um dia depois das manifestações que, além de apoiar do presidente Jair Bolsonaro, exigiam o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) e uma intervenção militar no país. Durante o ato, Bolsonaro afirmou que “chegou ao limite”, e que “as Forças Armadas estão ao nosso lado”.

Na nota oficial, Azevedo destaca que “Marinha, Exército e Força Aérea são organismos de Estado, que consideram a independência e a harmonia entre os Poderes imprescindíveis para a governabilidade do País”.


Ramos comenta “hipótese absurda”
O ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, negou que tenha sido convidado pelo presidente Jair Bolsonaro a assumir o comando do Exército no lugar do general Edson Pujol, atual titular à frente da pasta. Ramos caracterizou como “improcedente” e chamou de “hipótese absurda” a eventual indicação. “O presidente Bolsonaro nem em pensamento tratou isso comigo, tampouco o ministro da Defesa. Me causou uma surpresa desagradável”, disse Ramos, complementando que teve que ligar para o general Pujol e enviar mensagem para o alto comando do Exército para esclarecimento da informação. “Eu sou o sexto oficial general do Exército na ativa, apesar de estar ministro, então não teria como [eu ser designado]”, observou.


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