Politica

Reunião citada por Moro teve desentendimento entre Paulo Guedes e Marinho

Ministros não concordaram sobre gastos públicos para incentivar a retomada da economia após o fim da pandemia da coronavírus

Correio Braziliense
postado em 07/05/2020 07:43

Paulo Guedes Rogério MarinhoApós o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello determinar a entrega do vídeo de uma reunião citada em depoimento pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o Palácio do Planalto tentará alegar que as gravações são pontuais e curtas e que, portanto, não tem a íntegra do conteúdo à disposição.

Além da suposta pressão que o presidente Jair Bolsonaro teria feito sobre Moro para trocar o comando da Polícia Federal (PF), o vídeo também conteria o registro de um desentendimento entre os ministros da Economia, Paulo Guedes, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

 

O argumento, no entanto, contraria declaração do próprio presidente. Segundo revelou na semana passada, os encontros do primeiro escalão são filmados e os arquivos ficam guardados em um cofre. Na ocasião, Bolsonaro chegou a afirmar que divulgaria o vídeo da reunião com Moro, mas depois desistiu. "Último conselho que tive é não divulgar para não criar turbulência", afirmou.

 

Um dos motivos do recuo seria o desentendimento de Guedes e Marinho sobre gastos públicos para incentivar a retomada da economia após o fim da pandemia da coronavírus. Neste mesmo encontro, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, teria feito críticas ao ministro do STF.

 

Na terça-feira, o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal,  do governo do dia 22 de abril, dois dias antes da demissão de Moro. A ordem do decano também obriga o governo a preservar a integridade do conteúdo da gravação.

 

Secom

A gravação está atualmente sob responsabilidade do secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten. Citado pelo site Antagonista como o responsável por ter formatado o cartão de memória da reunião do dia 22, o chefe da assessoria especial da Presidência, Célio Faria Júnior, negou que tenha ficado com a gravação. "Não é da minha competência gravar, manter, ou trabalhar qualquer tipo de mídia na Presidência da República. Essa competência é da Secom (Secretaria Especial de Comunicação)", disse.

 

Questionado se a gravação citada por Moro ainda existe, o chefe da assessoria de Bolsonaro voltou a citar a órgão comandado por Wajngarten. "Não é da minha competência. Se existe ou não quem pode responder é a Secom", disse.

 

Questionada sobre a existência do vídeo e protocolos sobre gravação e armazenamento das reuniões ministeriais, a Secom informou apenas que "o Planalto não comentará".

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