Politica

Entre a reprovação e o apoio

Parlamentares condenam a pressão feita pelo presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal. Empresários admitem que não dá para liberar todos os setores, mas acreditam que alguns podem funcionar

Correio Braziliense
postado em 08/05/2020 04:03
A visita do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), acompanhado do ministro da Economia, Paulo Guedes, e de empresários, ontem, não foi bem-vista pela grande maioria dos parlamentares que se posicionaram sobre o assunto. A principal crítica foi à pressão contra a Corte para que permita que o Planalto interfira nas medidas de isolamento adotadas por governadores e prefeitos diante da crise da covid-19.

Para o líder da Rede no Senado, Randolfe Rodrigues (AP), ficou claro que o presidente não respeita a Constituição e a autonomia dos Poderes. “Ele é o responsável pelo momento mais grave da pandemia, com mais de 8 mil mortos”, acusou. Na opinião da líder do PSol na Câmara, Fernanda Melchionna (RS), a visita mostrou que “os únicos sinais vitais que lhes interessa é o do lucro dos milionários empresários brasileiros”.

Alguns congressistas alegaram que o discurso de afrouxamento das medidas restritivas não é positivo nem para a economia. “Quanto mais ele desestimula o isolamento, mas ele estimula a curva de contágio, e mais atrasa a reabertura do comércio. No fim, é ele que está matando a economia”, disparou o líder do PDT no Senado, Weverton (MA).

Parlamentares próximos a Bolsonaro, entretanto, afirmaram que a preocupação com a economia é razoável. Defensor do fim do isolamento, o deputado Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania, chamou a quarentena de “inútil”.

Alguns setores da economia acreditam que é preciso avaliar caso a caso, mas consideram razoável o decreto assinado por Bolsonaro depois do encontro, no qual coloca indústria como atividade essencial. Comércio e serviços, por exemplo, demandam medidas parecidas. O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, acredita que “alguns lugares já poderiam abrir as portas”. “Mas a gente quer fazer isso com transparência, conhecendo a situação da saúde em cada local”, explicou.

Para ele, bares e restaurantes devem ser considerados serviços essenciais. “Não para que a gente possa liberar para todo mundo, porque varia de cidade para cidade, mas um decreto desse ajuda, por exemplo, para que os estabelecimentos não tenham água e luz cortadas”, frisou.

O presidente da Associação das Indústrias de Brinquedos, a Abrinq, Synesio Batista, que participou do encontro no STF, disse que a conversa foi feita a pedido de Bolsonaro. Ele afirmou, porém, que os empresários não apresentaram qualquer reivindicação à Corte. “A indústria não tem que pedir nada (ao STF). Nosso ambiente de relacionamento empresarial é com o Executivo, não é com a Corte máxima”, observou. Na avaliação do presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, as demandas só foram levadas até o Supremo porque Bolsonaro ficou “preocupado” com o relato dos industriais. (Com Agência Estado)




Leite chama advogada de ignorante
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB-RS), rebateu com veemência uma advogada que chamou de “tirana” a forma como ele conduz as medidas de restrição no estado para conter a disseminação do coronavírus. Ela reclamou da falta de liberdade individual e do desemprego. Leite respondeu: “Lamento profundamente a sua ignorância e seu desprezo pela vida. Ignora o que está acontecendo no mundo, inclusive no Brasil, em outros estados que estão colapsando o seu sistema de saúde”. O embate ocorreu no programa Atualidades, da TV Pampa, afiliada da RedeTV! no estado.





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