Correio Braziliense
postado em 08/05/2020 04:03
A despeito das recomendações de distanciamento social feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para tentar conter a disseminação do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro ensaia desrespeitar, mais uma vez, a autoridade sanitária e organizar um churrasco no Palácio da Alvorada, amanhã, para ministros e servidores da Presidência da República.
Mesmo com as aglomerações não sendo recomendadas, o presidente disse que vai “cometer um crime” para reunir os convidados. O evento, segundo ele, deve contar com cerca de 30 pessoas e ainda terá direito a uma partida de futebol.
“Estou cometendo um crime. Vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa. Vamos bater um papo, quem sabe uma peladinha, alguns ministros, alguns servidores mais humildes que estão do meu lado”, afirmou o presidente, na entrada do Palácio da Alvorada.
Ainda segundo o chefe do Executivo, será feita uma “vaquinha” para custear as carnes. No entanto, bebidas alcoólicas não serão permitidas, comentou. “Vai ter vaquinha de R$ 70. Não terá bebida alcoólica, se não, a primeira-dama coloca todo mundo para correr”, brincou.
O quadro da pandemia do novo coronavírus no país fica mais grave diariamente e, ontem, o Brasil chegou à marca de 9.146 mortos e 135.106 pessoas diagnosticadas com covid-19. Mesmo assim, o presidente minimiza a importância de evitar aglomerações, que facilitam a proliferação do patógeno.
Mais cedo, por exemplo, ele atravessou a Praça dos Três Poderes a pé, com ministros, parlamentares e empresários, para fazer uma reunião no Supremo Tribunal Federal (STF) com o presidente da Corte, Dias Toffoli. Bolsonaro não usou máscaras de proteção durante a travessia, tampouco dentro do tribunal, enquanto conversava com Toffoli.
O chefe do Executivo protagonizou outras aglomerações desde o início da pandemia. Além de passeios por regiões do Distrito Federal e visitas a lojas da capital federal — incluindo um episódio em que apertou a mão de um apoiador após limpar o nariz —, interagiu com uma multidão em uma visita às obras do hospital de campanha de Águas Lindas (GO), dedicado exatamente a atender pacientes com o novo coronavírus. Também esteve em um polêmico protesto no Setor Militar Urbano (SMU), em que os participantes pediram o fechamento do Congresso Nacional e do STF e uma intervenção militar, além de ter comparecido a recentes manifestações.
Na semana passada, Bolsonaro reuniu 25 parlamentares do PSL para um café da manhã no Alvorada. Chamou a atenção a aglomeração dos convidados em meio ao clima de confraternização. A maioria dos presentes não utilizou máscara nem antes nem após as refeições. Eles também não resguardavam distância entre as cadeiras e as mesas. (AF e IS)
R$ 70
Valor da “vaquinha” para custear o churrasco
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