Correio Braziliense
postado em 08/05/2020 18:17
Os ministros Augusto Heleno (GSI), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) vão depor na próxima terça, 12, no inquérito que investiga as acusações do ex-ministro Sérgio Moro de 'interferência polÃtica' do presidente Jair Bolsonaro na PolÃcia Federal.
Os três militares palacianos foram listados por Moro como testemunhas de ameaças proferidas pelo presidente contra o ex-ministro, caso ele não concordasse com a troca da direção-geral da PF.
Segundo Moro relatou à PF, os ministros participaram de duas reuniões em que o presidente Jair Bolsonaro pressionou o ex-ministro da Justiça a trocar o comando da PolÃcia Federal. Uma delas, no dia 22 de abril, foi gravada pelo Planalto - que já apresentou três pedidos ao decano para que reconsidere ordem para entregar as gravações.
Nesta reunião, Bolsonaro teria dito que iria 'interferir em todos os ministérios'. "O presidente afirmou que iria interferir em todos os Ministérios e quanto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, se não pudesse trocar o Superintendente da PolÃcia Federal do Rio de Janeiro, trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da Justiça", relatou Moro.
No dia seguinte, 23 de abril, ao ser informado pelo presidente que MaurÃcio Valeixo seria exonerado do cargo, Moro se encontrou com Braga Netto e Augusto Heleno para informar os motivos pelos quais não aceitaria a substituição e declarou que deixaria o governo falando a verdade sobre a troca.
Os ministros se comprometeram a demover o presidente da ideia e que retornou ao Ministério da Justiça 'na esperança da questão ser solucionada'. À tarde, após a imprensa noticiar o atrito entre Moro e Bolsonaro e seu ultimato ao governo, o ministro Luiz Eduardo Ramos ligou para saber 'se seria possÃvel uma solução intermediária', citando os nomes de Fabiano Bordignon ou Disney Rosseti.
Antes de dar uma resposta definitiva, Moro disse que procuraria Valeixo, que concordou com o nome de seu número dois, Disney Rosseti, para assumir o cargo. Moro então retornou a Ramos, afirmando que essa seria a única mudança e que não concordava com trocas no comando da PF do Rio. O ministro palaciano 'ficou de levar a questão para o presidente' e dar um retorno, que não veio.
Quando a notÃcia da exoneração de Valeixo foi publicada na noite do dia 23 de abril, Moro questionou Ramos sobre o caso, que alegou não ter informações oficiais. A saÃda de Valeixo foi confirmada durante a madrugada e Moro disse que sua demissão, então, se tornou 'irreversÃvel'.
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