Politica

"Morismo", a ameaça

Correio Braziliense
postado em 10/05/2020 04:13
A estridente saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça, dias atrás, acendeu a luz de alerta na fiel base bolsonarista no Congresso. Como, a certa altura, o discurso presidencial se confundiu com a atuação do ex-juiz da Operação Lava Jato, houve quem percebesse que estariam dadas as condições para o surgimento de um grupo “morista”, egresso das hostes de apoio ao presidente, que o enfraqueceria mais no Legislativo. Assim, a aproximação com o Centrão também se justifica.

“Essa base, em tese, de combate à corrupção, vai começar a surgir e deve ser forte o suficiente para enfrentar o Centrão. Bolsonaro já viu acender o sinal amarelo de que é preciso tentar reconstruir o governo”, comenta o cientista político Enrico Ribeiro, coordenador legislativo da Queiroz Assessoria em Relações Institucionais e Governamentais.

O  vice-líder do governo no Congresso, deputado Celso Russomanno (Republicanos-SP), acha natural a aproximação do Centrão com Bolsonaro. “Qual é o quadro que temos hoje? Os cargos de terceiro e quarto escalões são todos da administração anterior. Não foi trocado nenhum. Tem vários órgãos do governo que foram indicados pela Dilma (Rousseff), pelo (Michel) Temer, pelo Lula. Ele precisa resolver esse problema”, defende o deputado. “Quantas pessoas o Bolsonaro conhece para indicar na administração federal? Não vai conseguir escolher todos. Por isso, precisa de apoio político. Caso contrário, indicará pessoas sem competência”, acrescenta.

Já o vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR) defende as articulações de Bolsonaro com o Centrão e diz que a oferta de cargos pode ser feita “desde que não haja a prática que existiu nos governos anteriores, nos quais alguns dos agentes públicos eram mal intencionados, e só deu errado”.

O senador pondera que o presidente tem que avaliar muito bem as decisões que vier a tomar para “fortalecer a democracia e não deixar a população em uma encruzilhada de dúvidas”. Ele espera que “haja unidade no essencial, mas tudo em benefício da organização do país”. (AF e IS)




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