A empresária Marluce Carvalho de Oliveira Gomes, 44 anos, acusada de participar das agressões contra enfermeiros na Praça dos Três Poderes no último dia 1º de maio, foi ouvida pela Polícia Civil do Distrito Federal ontem. Marluce chegou acompanhada dos advogados e não quis dar entrevistas. Ela é acusada de agredir verbalmente profissionais da saúde que se manifestavam em homenagem às vítimas da covid-19 e, pediam a população para respeitar o isolamento social como forma de prevenção.
Além da empresária, outros dois homens apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Renan da Silva Sena, servidor terceirizado exonerado do cargo no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e o empresário Gustavo Gaia Machado de Araújo, também se manifestavam em frente ao Palácio da Alvorada e foram apontados como agressores. Eles ainda serão ouvidos pela polícia. Na gravação, Marluce e Renan se aproximam dos manifestantes e tentam intimidá-los. “Vocês vão pagar por tudo que estão fazendo com a nação”, disse a empresária, chamando ainda os enfermeiros de “covardes” e “analfabetos funcionais”.
Segundo o Conselho Regional de Enfermagem do DF (Coren), ao menos 11 enfermeiros prestaram queixa contra as agressões sofridas. A associação também entrou com uma representação no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) para apurar o caso. Para as enfermeiras Ana Catarine Carneiro e Bárbara Braga, já ouvidas pela polícia, a expectativa é de que o inquérito seja concluído e que todos sejam responsabilizados. “Aquelas agressões foram muito simbólicas, porque retrataram o que muitas vezes nós passamos durante os atendimentos. Espero que não fique impune e sirva de exemplo para demonstrar que não está tudo bem ofender as pessoas, os profissionais e ficar ileso”,disse.
Bárbara ressalta que outras pessoas participaram dos ataques. “Existem outras mulheres que nos chamaram de genocidas, que diziam que estávamos junto com os governadores para matar as pessoas. Eu espero que da mesma forma como eles vêm a público e colocam a cara para criar fake news, que eles se retratem”, reclamou.
O Correio tentou contato com a defesa da empresária, mas até o fechamento desta edição não teve sucesso. Em nota, a Divisão de Comunicação da Polícia Civil informou que a 5ª Delegacia de Polícia (Plano Piloto) só irá se pronunciar ao fim do inquérito investigativo.
Denúncia em SP
Em São Paulo, o Ministério Público denunciou o engenheiro Antônio Carlos Bronzeri, integrante da Frente Brasileira Conservadora, e Jurandir Pereira Alencar pela participação em ato na frente da casa do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre Moraes. No último dia 2, cerca de 20 manifestantes se reuniram em frente ao edifício onde fica a residência de Moraes na capital paulista. Eles prostestavam contra a decisão do ministro de suspender a nomeação de Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal. Com um megafone, os manifestantes diziam ameaças como “você e sua família jamais poderão sair nas ruas deste país, nem daqui há vinte anos” e chamavam o ministro de "ladrão", "corrupto", "covarde" e "canalha e advogado de uma facção criminosa. Bronzeri foi preso durante a manifestação por ameaçar familiares do ministro.
Na denúncia, a promotora Alexandra Milaré Santos acusou os dois homens dos crimes de ameaça, injúria, difamação e perturbação do sossego. Ela considerou como agravante a realização de um protesto, por duas horas, durante o período de calamidade pública. Por essa razão, pediu penas mais graves aos acusados.
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