Politica

Braga Netto diz que Bolsonaro não falou de substituição da PF do Rio

Ministro chefe da casa Civil, o general Braga Netto depôs nesta terça-feira à Polícia Federal

Correio Braziliense
postado em 12/05/2020 22:51
general Braga NettoEm depoimento nesta terça-feira (12/5), o ministro da Casa Civil, Braga Netto, disse que o presidente Jair Bolsonaro não se expressou sobre substituição do superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro em reunião ministerial no último dia 22 de abril. Na ocasião, o presidente falou sobre a intenção de mudar "a segurança no Rio". Para o ministro, no entanto, ele não se referia à PF, mas sim à segurança pessoal do presidente, a cargo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do ministro Augusto Heleno.

Conforme Braga Netto, ao citar "segurança no Rio de Janeiro", o presidente "apenas fez referência como ilustração de sua insatisfação". O ministro pontuou que na referida reunião, Bolsonaro se reservou a expressar inquietude quanto aos dados de inteligência do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN). O presidente, de acordo com o ministro, estava descontente com a demora na obtenção de dados a serem fornecidos pela Defesa Nacional e Abin.

Em relação a dados do SISBIN,  Braga Netto disse se recordar de o presidente ter afirmado em uma oportunidade que os dados de inteligência via sistema eram "insuficientes". Segundo ele, Bolsonaro não demonstrava insatisfação com elementos de polícia judiciária, mas sim com os dados. 

Apesar de, segundo Braga Netto, o presidente ter falado sobre insatisfação com dados da Abin, Bolsonaro quis levar à PF o diretor da instituição, Alexandre Ramagem. O ministro disse não saber informar o motivo pelo qual o presidente ele como substituto. Braga Netto pontuou que ainda que Bolsonaro não chegou a demonstrar a ele insatisfação com o ex-diretor da PF, Maurício Valeixo, cuja exoneração deu início à crise política com o pedido de demissão de Moro. 

O vídeo em questão é uma das provas citadas pelo ex-ministro Sérgio Moro de que o chefe do Executivo teria exigido mudanças na chefia da PF e está no inquérito que investiga o caso no Supremo Tribunal Federal (STF).  


Caso Marielle

Ao ser questionado sobre quais investigações incomodavam Bolsonaro, Braga Netto disse recordar que o presidente se queixava da falta de esclarecimentos completos sobre fatos relacionados ao porteiro do condomínio Vivendas da Barra. O local é onde morava o presidente e o policial militar reformado Ronnie Lessa, homem acusado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, em 2018.

"Acalmar"

Ainda em depoimento, o ministro da Casa Civil diz não se lembrar de Moro dizer, no dia seguinte a reunião, que a troca da PF intencionada por Bolsonaro seria pela vontade de ter alguém para "interagir diretamente, ligar e obter informações de relatórios de inteligência".

Naquela data, dia 23 de abril, Moro conversou com Braga Netto, Augusto Heleno (GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Conforme depoimento, o ex-ministro revelou que o presidente continuava com a ideia de trocar a direção da PF, retirando Maurício Valeixo, e que Moro não concordava com a interferência nessa substituição e que teria uma biografia a manter. 

Na ocasião, os ministros procuraram "acalmar" o ex-juiz federal, uma vez que ele sinalizou a intenção de sair do governo caso houvesse troca na PF. "Que para acalmar, disseram 'vamos conversar', afirmando a necessidade de manter aberto o canal aberto de comunicação entre todos", relatou Braga Netto. 

Naquele momento, segundo o ministro, não houve o compromisso de afastar do presidente a intenção de mudar a direção da PF, e que a conversa foi em tom de "desabafo".


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