Correio Braziliense
postado em 13/05/2020 07:28
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que o vÃdeo da reunião ministerial de 22 de abril não contém as palavras "PolÃcia Federal", "investigação" nem "superintendência". A reunião foi citada pelo ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública Sérgio Moro como prova de que Bolsonaro interferiu politicamente na PolÃcia Federal. De acordo com o presidente, as imagens da reunião foram captadas apenas para registro e a "fita" poderia ter sido destruÃda após a gravação.
"Vocês vão se surpreender quando esse vÃdeo aparecer", disse o presidente ontem, na rampa do Palácio do Planalto. "Continuam desinformando a mÃdia. Esse informante, esse vazador, está prestando um desserviço. Não existe no vÃdeo a palavra 'PolÃcia Federal' e nem 'superintendência", disse. Bolsonaro afirmou, ainda, que a palavra "investigação" também não foi citada na reunião, ao contrário do que disse Moro em depoimento à PF.
"A preocupação minha sempre foi depois da facada, de forma bastante direcionada para a segurança minha e da minha famÃlia", disse ele, quando questionado se citou a proteção de sua famÃlia ao abordar a mudança no comando da PF. "A PolÃcia Federal nunca investigou ninguém da minha famÃlia", argumentou.
O presidente também afirmou que entregou a gravação para evitar comentários de que ele teria sumido com o vÃdeo, porque seria comprometedor. "Entreguei por dois motivos. Primeiro, porque acredito na verdade", disse ele, sem citar o segundo motivo. "O vÃdeo é meu. O vÃdeo não é oficial, mas é meu". Bolsonaro observou, ainda, que a gravação está "sob sigilo", mas que a qualquer momento isso pode ser retirado.
Ainda de acordo com o presidente, a gravação poderia até ter sido destruÃda. "A fita deveria ser destruÃda (...) e poderia ter dito isso à Justiça. Mas jamais faria isso", observou.
Bolsonaro voltou a minimizar o depoimento de Moro. "O depoimento do Moro, com todo respeito, quem leu e leu com isenção, viu que não tem acusação nenhuma. O do (MaurÃcio) Valeixo, a mesma coisa. Esse vÃdeo agora é a última cartada midiática usando da falácia e da mentira para tentar achar que eu tentei interferir na PF."
O presidente também negou ter pressionado Valeixo, ex-diretor-geral da PolÃcia Federal, para sair do cargo e disse que, desde o ano passado, o delegado estava "cansado" e queria sair. A dispensa de Valeixo foi o pivô do desentendimento entre Moro e o presidente e o fator que desencadeou a saÃda do ex-juiz da Lava Jato do governo.
Reação
Após surgirem os primeiros relatos sobre o teor da reunião ministerial do dia 22 de abril, o tom dos comentários de ministros e outros aliados do presidente Jair Bolsonaro em grupos de WhatsApp mudou. Aqueles que antes se diziam tranquilos em relação à possibilidade de que o vÃdeo da reunião agregasse algo à s denúncias feitas por Moro agora estão preocupados. Para alguns assessores, as falas do presidente durante a reunião sobre a troca do comando da PolÃcia Federal podem trazer complicações se forem "tiradas do contexto".
Até a semana passada estes mesmos assessores diziam que o único risco da divulgação do vÃdeo era provocar uma crise entre os poderes devido à forma grosseira, com palavrões, com a qual participantes da reunião se referiram a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e parlamentares influentes.
Para eles, Moro tinha objetivo mais polÃtico do que jurÃdico ao falar do vÃdeo. A ordem é insistir na narrativa de que a preocupação de Bolsonaro, ao se referir à PF, era com a segurança de sua famÃlia e não com as investigações contra seus filhos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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