Politica

Especialistas alertam a deputados que pandemia vai demorar a passar

Também informaram que é preciso dar condições para que toda a população se isole e que se faça campanha educativa pelo distanciamento

Correio Braziliense
postado em 14/05/2020 14:23
Também informaram que é preciso dar condições para que toda a população se isole e que se faça campanha educativa pelo distanciamentoEspecialistas em vacina, epidemiologia e gestão da saúde falaram, nesta quinta-feira (14/5), a deputados na 27ª reunião da Comissão Externa de Ações contra o Coronavírus da Câmara. O encontro teve a participação do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e também tratou de economia.

Os especialistas afirmaram que a crise causada pelo novo coronavírus vai demorar a passar e que é preciso dar condições para que toda a população se isole. Para os participantes, é preciso investir em campanhas educativas pelo distanciamento e que o governo federal pdeveria usar todos os equipamentos e estratégias para evitar o alastramento da contaminação.

Participaram da sessão a presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nisia Trindade; a estatística e pesquisadora da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Márcia Castro; o diretor-geral do Hospital Sírio Libanês, Paulo Chapchap; e o economista e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga.

"Entendemos que esse é debate essencial para, de forma técnica, e respeitando a ciência e o comportamento do vírus no nosso país, a gente analise a situação e discuta parâmetros para o período pós-pandemia”, destacou Maia.


Vacina deve demorar

Nisia Trindade, destacou que uma vacina deve demorar a chegar, o que fará com que a saída da crise não ocorra a curto prazo. Ainda assim, a Fiocruz está trabalhando em pesquisas para desenvolver imunizadores. Enquanto isso, é preciso conter o avanço do coronavírus.

"Temos que considerar essa dimensão continental do país e olhar para a interiorização, como vigilância ativa para estados e municípios. Reforço, ao lado do conhecimento médico, um olhar multidimensional da pandemia, que também tem de ser olhada pelo impacto na saúde mental da sociedade”, alertou.

"Que essas atividades sejam baseadas nas evidências científicas e que sejam gradativas e monitoradas. Trata-se de uma doença sobre a qual temos muito o que aprender. O presidente da academia nacional de medicina discute, por exemplo, implicações no campo da oftalmologia. Não sabemos como progredirão adoecimentos crônicos derivados dessa infecção”, acrescentou a presidente da Fiocruz.

O diretor geral do Hospital Sírio Libanês, Paulo Chapchap, destacou que, em países como Estados Unidos, Itália e Espanha, a mortalidade em instituições de longa permanência, como lares para idosos, por exemplo, foi responsável por 30 a 60% do total de mortos. As populações mais vulneráveis e com comorbidades também estão entre as principais vítimas, além da população nos presídios e, também, nas favelas. “Em todas essas populações, a testagem precoce, resultado rápido, é fundamental para instruir o isolamento social. Não vamos sair dessa pandemia com imunidade de rebanho. Vai demorar muito. Nos países mais adiantados, a imunidade está a 10% a 20% da população. Não temos vacina e a imunidade de rebanho não é uma realidade. Temos que fazer testagem rigorosa, isolamento e testagem de populações e isolar”, destacou.

Para ele, qualquer possibilidade de normalização de atividades acontecerá com testagem, informações fidedignas e em cima de um intenso isolamento social anterior. Chapchap também destacou que faltarão equipes médicas para atender a população. “Atualmente, o número de casos novos tem baixa assertividade, pois testamos pouco. Temos que monitorar leitos, espaços, mas equipamentos de proteção individual e o que vai faltar mais rápido, que são as próprias equipes. Falamos em ampliar leiros, respiradores, mas não é possível ampliar o número de equipes. O Rio de Janeiro precisa de mais 1.500 ventiladores? E para operar?”, questionou.

Saiba Mais

Por fim, o diretor geral do Sírio Libanês destacou que com testes em massa será possível saber quantos se infectaram e quantos ainda devem se infectar. “Ainda estamos em curva de aceleração. Quando pensarmos em retomada, temos que pensar em como, de forma inteligente. Precisaremos de monitoração, fornecimento de máscara no transporte público e em estabelecimentos particulares, monitoramento de condições de saúde na entrada do ambiente de trabalho e sociais, implementação de medidas de higiene pessoal, garantia de distanciamento social no trabalho, testagem molecular nos sintomáticos, garantia de condições de quarentena para quem não pode fazer isso no município e redirecionamento de hospitais de campanha para monitoramento quando não forem mais necessários”, elencou. “Vão sobrar equipes e equipamentos em diferentes localidades do país em certo momento e teremos que enviá-los para outras regiões”, completou.

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