Bolsonaro diz que "voltou a namorar" Maia; deputado fala em construir ponte

Presidentes da República e da Câmara tiveram reunião na tarde desta quinta-feira (14/5) no Palácio do Planalto. Mais cedo, Bolsonaro acusou Maia de querer "afundar a economia para ferrar o governo"

Correio Braziliense

postado em 14/05/2020 17:10

Horas após uma videoconferência com empresários da indústria em que fez duras críticas ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tendo dito que o deputado “parece que quer afundar a economia para ferrar o governo”, o presidente Jair Bolsonaro recebeu o parlamentar nesta quinta-feira (14/5), no Palácio do Planalto. Após a reunião, que durou aproximadamente 30 minutos Bolsonaro suavizou o discurso. “Voltamos a namorar. Está tudo bem com Rodrigo Maia”, garantiu.

O encontro, de acordo com o presidente da Câmara, aconteceu após os ministros da Casa Civil, Walter Braga Netto, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, terem feito o convite para ele conhecer o novo gabinete de crise do governo federal. Durante a visita, Bolsonaro propôs se encontrar com ele. “Me chamou para tomar um café. Aceitei, claro”, disse o deputado.

Segundo Maia, a reunião com Bolsonaro serviu “para manter o diálogo e não foi para nos dividir”. Ele ainda afirmou que o objetivo da conversa foi “sentar à mesa e discutir caminhos" para enfrentar a crise do novo coronavírus, além de “tentar construir pontes” entre o Executivo e o Legislativo. O deputado não rebateu a fala de Bolsonaro, que, na videoconferência, o acusou de querer "ferrar o governo, para talvez tirar um proveito político lá na frente". 

“Conversamos sobre o momento, sobre como é que cada vem enxergando esta crise. Nós sabemos qual é a posição do presidente, hoje mesmo ele falou. Eu tenho a minha posição. Ele sabe qual é. O que eu disse a ele é que nós deveríamos encontrar os pontos que nos unem”, disse o deputado, em coletiva à imprensa.

Maia comentou apenas que há, de fato, "divergência" sobre a necessidade de isolamento social durante a pandemia do novo coronavírus, defendida por ele e negada por Bolsonaro. Mas disse ter sugerido ao presidente que encontrem "pontos que nos unem". "Independente daquilo que concordo e daquilo que divirjo, meu papel institucional e levar a pauta da Câmara", ponderou Maia.

"Foi esse o objetivo. Mostrar que o que nós queremos são soluções dos problemas dos brasileiros. Acho que o diálogo e a busca de caminhos em conjunto gera maior esperança aos brasileiros nesse momento. Conflitos, brigas geram insegurança", completou o deputado. Com a conversa, Maia acredita que sinalizou à sociedade "que nós podemos ter essa convergência para salvar vidas, salvar empregos". 

Relatoria

Bolsonaro também criticou, na videoconferência, as escolhas de relatoria de medidas provisórias na Câmara. A MP 936, que flexibiliza contratos de trabalho, ficou nas mãos do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), da oposição. Na coletiva, Maia defendeu a escolha e disse que se reunirá nesta sexta-feira (15/5) com o deputado para discutir a proposta. 

“Todas as matérias que ele relatou na Câmera, na minha Presidência, foram aprovadas por unanimidade. Pode ter certeza que é um grande relator e vai fazer um grande trabalho na MP 936”, assegurou o presidente da Câmara. Os deputados devem mudar o texto para incluir "demandas da sociedade", mas as alterações não devem gerar grande impacto orçamentário, defende Maia. 

"Acho que escopo principal estará 100% garantido, e alguns acréscimos, que não podem gerar nenhum grande aumento de despesa. Eu acho que essa deve ser nossa preocupação", disse o parlamentar.