Politica

Teich divulgará novo protocolo sobre cloroquina nesta sexta, diz Bolsonaro

Até o momento, Ministério da Saúde permite uso do medicamento como opção apenas para quadros graves. Ainda não há evidências científicas da eficácia da substância no combate ao novo coronavírus

Correio Braziliense
postado em 14/05/2020 20:42
Até o momento, Ministério da Saúde permite uso do medicamento como opção apenas para quadros graves. Ainda não há evidências científicas da eficácia da substância no combate ao novo coronavírusO presidente Jair Bolsonaro sugeriu ao ministro da Saúde, Nelson Teich, que a pasta elabore um novo protocolo permitindo que a cloroquina seja utilizada no tratamento a pacientes diagnosticados com covid-19 assim que eles demonstrarem os primeiros sintomas da doença. De acordo com o presidente, Teich deve dar se manifestar sobre o pedido já nesta sexta-feira (15/5). 

“Eu acho que amanhã o Nelson Teich dá uma resposta para a gente. Eu acho que vai ser pela mudança do protocolo para que se possa aplicar durante os primeiros sintomas”, informou Bolsonaro, durante live nesta quinta-feira (14/5).

Por enquanto, o protocolo do Ministério da Saúde sobre a medicação recomenda o uso da cloroquina como opção apenas para quadros graves (pacientes hospitalizados com pneumonia viral). Contudo, o seu uso se restringe a casos confirmados e deve ser feito conforme a orientação médica e em conjunto com outras medidas de suporte. 

Apesar de nenhum estudo nacional ou internacional ter comprovado a eficácia do medicamento, Bolsonaro defendeu o uso de remédios à base da substância em pacientes infectados pelo novo coronavírus sob o argumento de que o Conselho Federal Medicina (CFM) assim o recomenda.

“O Conselho Federal de Medicina recomenda o uso da cloroquina a partir dos primeiros sintomas e o nosso protocolo, do dia 31 de março, ainda da época do ministro (Luiz Henrique) Mandetta, diz que só pode ser usada a partir do elemento estar em estado grave”, lembrou Bolsonaro.

Há três semanas, o CFM emitiu um parecer com critérios e condições para a prescrição de cloroquina e de seu derivado, a hidroxicloroquina, em pacientes com diagnóstico confirmado de covid-19. A autarquia constatou “que não há evidências sólidas de que essas drogas tenham efeito confirmado na prevenção e tratamento dessa doença”. De todo modo, o CFM entende ser possível a prescrição desses medicamentos em três situações específicas “diante da excepcionalidade da situação e durante o período declarado da pandemia”.

Segundo o órgão, a primeira possibilidade em que pode ser considerado o uso é no caso de paciente com sintomas leves, em início de quadro clínico, em que tenham sido descartadas outras viroses (como influenza, H1N1, dengue) e exista diagnóstico confirmado de covid-19. A segunda hipótese é em paciente com sintomas importantes, mas ainda sem necessidade de cuidados intensivos, com ou sem recomendação de internação. O terceiro cenário possível é em paciente crítico recebendo cuidados intensivos, incluindo ventilação mecânica. 

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De todo modo, o CFM concluiu que é “difícil imaginar que em pacientes com lesão pulmonar grave estabelecida e, na maioria das vezes, com resposta inflamatória sistêmica e outras insuficiências orgânicas, a hidroxicloroquina ou a cloroquina possam ter um efeito clinicamente importante”.

“Em todos os contextos, a prescrição das drogas caberá ao médico assistente, em decisão compartilhada com o paciente. O profissional fica obrigado a explicar ao doente que não existe, até o momento, nenhum trabalho científico, com ensaio clínico adequado, feito por pesquisadores reconhecidos e publicado em revistas científicas de alto nível, que comprove qualquer benefício do uso das drogas para o tratamento da covid-19. Ele também deverá explicar os efeitos colaterais possíveis, obtendo o Consentimento Livre e Esclarecido do paciente ou dos familiares, quando for o caso”, definiu o CFM.

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