Correio Braziliense
postado em 15/05/2020 12:00
Na reunião ministerial do dia 22 de abril, peça-chave no inquérito que apura suposta tentativa de interferência polÃtica do presidente Jair Bolsonaro na PolÃcia Federal, o chefe do Executivo pediu ajuda de seus ministros para "salvar o governo" dizendo que "a barca está afundando", segundo fontes que assistiram à gravação na terça-feira passada.
O presidente também teria dito aos presentes que, se ele caÃsse, eles cairiam junto e ainda que poderiam ser presos por homofobia e racismo, prevendo até a punição que pagariam: 8 anos de prisão.
Fontes que acompanharam a exibição do vÃdeo da reunião no Planalto avaliaram que o conteúdo da gravação mostra a preocupação do presidente com um eventual cerco da PF a seus filhos, e que Bolsonaro vinculou a necessidade de trocar o superintendente da corporação no Rio à defesa de seus próprios filhos, alegando que sua famÃlia estaria sendo perseguida. O presidente aparece no vÃdeo chamando a superintendência fluminense da PF de "segurança do Rio", conforme relatos.
Bolsonaro afirmou na terça-feira que o vÃdeo da reunião não contém as palavras "PolÃcia Federal", "investigação" nem "superintendência". Em manifestação enviada nesta quinta ao Supremo, a Advocacia-Geral da União (AGU), no entanto, afirmou que o presidente citou a PolÃcia Federal na reunião, e pediu o fim do sigilo sobre o vÃdeo.
Parte dos investigadores avalia, no entanto, que o material é "devastador" para o presidente. Entende que a gravação confirma as acusações do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, que atribui ao presidente tentativa de interferência na corporação - o que levou à abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). O jornal O Estado de S. Paulo não obteve a Ãntegra do vÃdeo, que segue mantido sob sigilo.
O registro da reunião foi exibido a um restrito grupo de pessoas autorizadas pelo ministro Celso de Mello, relator do inquérito no STF. A exibição ocorreu no Instituto Nacional de CriminalÃstica da corporação em BrasÃlia, com participação de Moro, integrantes da AGU, procuradores e investigadores.
Na segunda-feira, Celso de Mello determinou que uma equipe realizasse perÃcia do vÃdeo. O ministro também cobrou a degravação integral do HD externo apresentado pela União. Os arquivos deverão ser encaminhados ao seu chefe de gabinete, Miguel Piazzi.
O material está sob sigilo temporário por ordem do decano do Supremo desde o dia que foi entregue pelo Planalto, no dia 8. No entanto, ao autorizar o acesso do material pela Procuradoria-Geral da República, AGU e Moro, o ministro registrou que decidirá "brevissimamente, em momento oportuno, sobre a divulgação, total ou parcial, dos registros audiovisuais contidos na mÃdia digital".
No dia da exibição do vÃdeo, o decano pediu que Moro, o procurador-geral da República, Augusto Aras, e a AGU se manifestassem sobre o levantamento do sigilo - total ou parcial - do vÃdeo. A defesa de Moro pediu a divulgação da Ãntegra. A PGR não enviou seu posicionamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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