Politica

Cotados para assumir o instável cargo

Correio Braziliense
postado em 16/05/2020 04:11
O secretário executivo do ministério, Eduardo Pazuello, comandará interinamente a pasta


Com a saída de Nelson Teich, o Ministério da Saúde será comandado interinamente pelo general Eduardo Pazuello, secretário executivo da pasta. Caberá a ele assinar o protocolo para uso da cloroquina também em pacientes com sintomas leves da covid-19, como quer o presidente Jair Bolsonaro (leia reportagem na página 7).

Entre os cotados para ministro da Saúde estão o deputado Osmar Terra e a médica imunologista e oncologista Nise Yamaguchi. Ambos alinham-se às diretrizes do presidente sobre a prescrição da cloroquina, mesmo sem comprovação científica de que o medicamento tem eficácia para combater o novo coronavírus. Além deles, o médico Claudio Lottenberg, presidente do conselho deliberativo do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, está entre os sondados para o cargo.

Terra vem se aproximando do governo há alguns meses e reproduz o discurso do presidente pelo fim do isolamento social para salvar a economia. Médico, ele duvida da letalidade do vírus e defende que a quarentena não funciona para conter a disseminação da doença, mesmo que essa prática seja recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e tenha sido adotada nos países que vêm conseguindo reduzir as taxas de infecção.

Sem um comando definido, o Ministério da Saúde, que passou por uma recente reformulação com a saída do então ministro Luiz Henrique Mandetta, fica novamente suscetível a mudanças. No entanto, a expectativa é de que, desta vez, não ocorram grandes mudanças.

Desde a troca de Mandetta, há um desconforto no ministério, que se acentuou com a entrada de uma dezena de militares na pasta. Enquanto parte da equipe se adapta e aprende a trabalhar sob a disciplina militar, outros veem com maus olhos a interferência.

“Batalha”
Militar da ativa, o interino Pazuello comandava uma tropa com 5 mil homens na 12ª Região Militar, em Manaus, até ser convocado por Bolsonaro para o que chama de “nova missão”. Pelos colegas de farda, é visto como um militar mais progressista e que promete trazer disciplina e expertise típica da área militar para uma boa atuação em um “verdadeiro campo de batalha”.

Pazuello esteve à frente da Operação Acolhida, de 2018 a 2020, recebendo mais de 26 mil venezuelanos refugiados e realizando a logística de acomodação, cadastro, vacinação e redistribuição do grupo pelo território nacional. “Alcançamos um padrão de referência internacional, referência de respeito à humanidade, de respeito ao ser humano, e o nosso país mostrou como é que deve ser feito”, discursou ao repassar o comando da operação, em janeiro deste ano. (RS, MEC e BL)

Citação sobre pedido de impeachment
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, despachou comunicado ao Palácio do Planalto, ontem, para informar do processo em tramitação na Corte que envolve um pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. A determinação do decano também abre espaço para o chefe do Executivo se manifestar e contestar a ação. O processo foi apresentado pelos advogados José Rossini Campos e Thiago Santos Aguiar com o objetivo de cobrar, pela Justiça, que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), analise o pedido de afastamento protocolado por eles em março. A dupla alega “omissão” do Legislativo em avaliar a abertura de impeachment do presidente. Os advogados acusam o chefe do Planalto de quebra de decoro, ataques contra jornalistas, contrariedade às orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e apoio a atos que pedem o fechamento do Congresso e o STF.



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