Correio Braziliense
postado em 19/05/2020 04:04
O senador e ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (Pros-AL) pediu desculpas pelo confisco da poupança dos brasileiros, a estratégia de governo que visava acabar com a inflação e deteriorou ainda mais a economia no Brasil à época. Collor bloqueou os ativos, como ele mesmo diz, em 16 de março de 1990, apenas um dia depois de tomar posse. Da noite para o dia, os brasileiros viram desaparecer 80% da renda aplicada em cadernetas de poupança, contas correntes e aplicações financeiras. Emprestaram, à força, quase todo o dinheiro que tinham, por 18 meses para um governo que terminou com escândalos de corrupção, um processo de impeachment e a renúncia de Collor.
O agora senador, que tem ganhado fama e espaço nas redes sociais, afirmou que era preciso falar com mais clareza sobre o confisco. Fez cinco tuítes sobre o assunto. “Pessoal, entendo que é chegado o momento de falar aqui, com ainda mais clareza, de um assunto delicado e importante: o bloqueio dos ativos no começo do meu governo. Quando assumi o governo, o país enfrentava imensa desorganização econômica, por causa da hiperinflação: 80% ao mês!”, afirmou na primeira postagem.
Collor se tornou um crítico ponderado do atual governo, comparando as posições autoritárias do presidente da República com as próprias que levaram ao processo de impeachment que chegou ao fim em 29 de dezembro de 1992.
Collor descreve a situação do país naquela época. “O Brasil estava no limite! Durante a preparação das medidas iniciais do meu governo, tomei conhecimento de um plano economicamente viável, mas politicamente sensível, com grandes chances de êxito no combate à inflação. Era uma decisão dificílima. Mas resolvi assumir o risco. Sabia que arriscava ali perder a minha popularidade e até mesmo a Presidência, mas eliminar a hiperinflação era o objetivo central do meu governo e também do país”, afirmou. O confisco feito no primeiro dia de governo nunca foi anunciado durante a campanha presidencial, a primeira eleição direta para presidente após 21 anos de ditadura militar.
O senador afirma que, junto à sua equipe econômica, quis muito acertar, mas que, “infelizmente”, errou. “Acreditei que aquelas medidas radicais eram o caminho certo. Infelizmente errei. Gostaria de pedir perdão a todas aquelas pessoas que foram prejudicadas pelo bloqueio dos ativos”, desculpou-se. “Eu e a minha equipe não víamos alternativa viável naquele início de 1990. Quisemos muito acertar. Nosso objetivo sempre foi o bem do Brasil e dos brasileiros”, concluiu a breve explicação.
Internautas repudiaram o pedido de desculpas. “Não aceito seu perdão, Collor. Você acabou com a vida da minha família. Eu tinha 11 anos e vi meus pais perderem o pouco que tinham economizado. Se o brasileiro não tem memória, eu estou aqui para te lembrar”, disse o ator Armando Babaioff.
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