Politica

"É como se as forças políticas tivessem as Forças Armadas como milícias suas", diz Gilmar Mendes

Ministro criticou pedidos de uso das Forças Armadas para fechamento do STF. Também atribuiu a escalada do autoritarismo no país à operação Lava-Jato

Correio Braziliense
postado em 21/05/2020 16:33
Gilmar MendesO ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou os pedidos — feitos por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em manifestações — de uso das Forças Armadas para o fechamento da Suprema Corte. Mendes também disse crer que as instituições "estão fortes e têm dado as devidas respostas" e rechaçou a possibilidade de um novo golpe militar. As declarações foram dadas nesta quinta-feira (21/5), em entrevista à Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul.

“Eu tenho a impressão que as instituições estão fortes e têm dado as devidas respostas. Eu já disse que é um acinte, uma ofensa usar as Forças Armadas para fechar o Supremo Tribunal Federal. É como se essas forças políticas, eleitorais e partidárias tivessem as Forças Armadas como milícias suas. As Forças Armadas são instituições da nação para defesa da Pátria e dos poderes constitucionais”, pontuou Mendes, que ainda defendeu o combate às milícias: "Milícia é outra coisa. É organização criminosa, e que precisa ser combatida".

Para o ministro, a escalada do autoritarismo no país decorre da Lava-Jato e a própria eleição do presidente é fruto da operação. "Bolsonaro é um produto da Lava-Jato e a operação é pai ou mãe desse autoritarismo que se vive no país", opinou.

Saiba Mais

Na entrevista, Mendes repudiou as declarações do ex-deputado e presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson — que publicou foto com uma arma e criticando os ministros do STF —, e disse ser "um nonsense completo imaginar que o Supremo está impedindo o governo de governar". O magistrado também disse que "não se abala" com um pedido de impeachment contra ele: "Continuo decidindo da mesma forma. Estou absolutamente tranquilo em relação à minha posição".

Por fim, o ministro se posicionou sobre a postura do governo Bolsonaro em relação à pandemia do novo coronavírus dizendo ser "grosseiro não seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde" e avaliou que o país vive o pior momento da história recente. "Sem dúvidas, o período final do governo Dilma foi um período bastante tumultuado. Mas nada parecido com o que estamos vivendo. É um coquetel de crises: temos a crise da Covid-19 e a crise política. Está tudo tumultuado."

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