Politica

Reforço no caixa do governo

Projeto abre crédito suplementar ao Orçamento deste ano e evita que Bolsonaro seja enquadrado em crime de responsabilidade

Correio Braziliense
postado em 22/05/2020 04:03
Com aval do Congresso, presidente poderá gastar mais no combate à pandemia sem correr risco de impeachment


O Congresso autorizou o governo a abrir crédito suplementar de R$ 343,6 bilhões neste ano para pagar gastos correntes, como salários de servidores e benefícios previdenciários. Com a aprovação do Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 8/20, os parlamentares permitiram o descumprimento da chamada “regra de ouro”, que proíbe que a União se endivide para financiar esse tipo de despesa.

Se o governo desrespeitasse o dispositivo, previsto na Constituição, sem autorização do Congresso, o presidente Jair Bolsonaro poderia ser enquadrado em crime de responsabilidade, ficando sujeito a impeachment. Como foi aprovado, ontem, pelas duas casas legislativas, Câmara e Senado, o projeto vai agora para a sanção presidencial. Assim que sair no Diário Oficial da União, o valor será acrescentado ao Orçamento de 2020.

Da suplementação total, R$ 213,7 bilhões serão usados para pagar benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), como aposentadorias e pensões. O valor equivale a 31,5% dos R$ 677,7 bilhões que serão necessários em 2020 para sustentar o RGPS. Sem o crédito suplementar, o governo só conseguiria arcar com os compromissos previdenciários até agosto.

O Ministério da Defesa receberá R$ 41,3 bilhões, e o da Educação, R$ 15,1 bilhões. As pastas da Agricultura e da Saúde receberão R$ 4,9 bilhões e R$ 4,2 bilhões, respectivamente. Outros R$ 22,5 bilhões serão usados para pagamento de precatórios, sentenças judiciais das quais não é possível mais recorrer.

Mudanças

O relator da matéria, senador Marcos Rogério (DEM-RO), fez dois ajustes, sem mudar o montante total pedido pelo governo. Por remanejamento dos valores, ele destinou R$ 308 milhões ao Ministério do Desenvolvimento Regional para a retomada de 10 mil obras habitacionais, que, segundo a pasta, podem gerar até 20 mil empregos.

O dinheiro será destinado ao Fundo de Arrendamento Residencial, usado para financiar programas como o Minha Casa, Minha Vida. No parecer, o relator explica que, “se não ocorrer essa mudança, haverá interrupção na cadeia produtiva habitacional, até que se realize o ajuste operacional necessário”.

O relator também reforçou em R$ 394 mil o caixa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Originalmente, o recurso iria para uma convenção internacional sobre o controle do uso do tabaco, mas o evento foi adiado para 2021. Com o valor a mais, a empresa poderá fornecer mais testes de diagnóstico da covid-19 e aumentar a produção de medicamentos, diz o parecer.

Parlamentares sugeriram mudanças para garantir mais recursos para ciência e tecnologia. Para acelerar a tramitação, o governo comprometeu-se a reforçar as verbas dessas áreas por medida provisória. Segundo Rogério, a ideia é acrescentar R$ 60 milhões às contas da Fiocruz, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

O projeto passou por votação remota na Câmara e, em seguida, no Senado.



R$ 343,6
BILHÕES

Valor que será acrescentado ao Orçamento deste ano para evitar descumprimento da “regra de ouro”


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