Correio Braziliense
postado em 22/05/2020 14:41
A movimentação no Ministério da Saúde desde a indicação do general Eduardo Pazuello como número dois da pasta é de entra e sai de militares nos corredores. Mesmo que desobrigados de usar fardas, prestação de continências virou situação rotineira no prédio. São mais de 20 militares integrando funções de comando, logística e estratégia, quase nenhum com atuações anteriores na área de Saúde. O próprio Pazuello, que deve ficar “por um bom tempo” como ministro da pasta, como confirmou o próprio presidente Jair Bolsonaro, não tem expertise em relação ao Sistema Único de Saúde. Militar da ativa, Pazuello comandava a tropa com 5 mil homens na 12ª Região Militar, em Manaus, até ser convocado para o que chama de “nova missão”. Pelos colegas de farda, é visto como um militar mais progressista e que promete trazer a disciplina e expertise típica da área para uma boa atuação em um "verdadeiro campo de batalha".
Durante a reunião com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), na quinta-feira (21/05), o ministro interino fez questão de explicar a priorização pelos patentes altas na linha de frente da pasta. Segundo Pazuello, a equipe da Saúde conta com um “apoio temporário” do Ministério da Defesa.
“(O Ministério da Saúde) tem uma equipe, para deixar claro, que tem o apoio do Ministério da Defesa, um apoio temporário, que em princípio serão só 90 dias. São militares da ativa, são pessoas preparadas para lidar com esse tipo de crise. Neste momento precisamos desse tipo de preparo para somar as especialidades médicas”, disse Pazuello, que também se considera como uma figura temporária na pasta.
Pela Defesa, foram concedidos 17 nomes à Saúde, conforme publicação no Diário Oficial de 4 de maio. No entanto, até o momento, 11 foram nomeados, o que indica que ainda haverá novas figuras militares atuando no enfrentamento direto à covid-19. A movimentação é interpretada por parte do corpo técnicos da pasta como uma demonstração de controle das decisões por parte do presidente Bolsonaro, fazendo valer as interpretações políticas sobre as técnicas.
O presidente não escondeu a intenção em indicar cargos, começando pelo escalonamento do almirante Flávio Rocha, chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), para auxiliar na transição. Foi, inclusive, depois da pressão do presidente em protocolar o uso precoce da cloroquina em pacientes com covid-19, mesmo sem comprovação de eficácia, que o ex-ministro Nelson Teich resolveu se desligar. Nesta sexta (22), um dos pouco nomes indicados por Teich para assumir uma secretaria, acompanhou a decisão e pediu demissão. O médico Antonio Carlos Campos de Carvalho foi exonerado após não concordar em assinar a normativa.
Saiba Mais
Veja a lista completa de militares nomeados no último mês para o Ministério da Saúde
- Eduardo Pazuello - ministro interino
- Antônio Élcio Franco Filho - secretário-executivo interino
- Reginaldo Machado Ramos - diretor de Gestão Interfederativa e Participativa
- Jorge Luiz Kormann - diretor de Programa
- Marcelo Blanco Duarte - assessor no Departamento de Logística
- Paulo Guilherme Ribeiro Fernandes - coordenador-geral de Planejamento
- Alexandre Magno Asteggiano - assessor
- Luiz Otávio Franco Duarte - assessor especial do ministro
- André Cabral Botelho - coordenador de contabilidade
- Giovani Cruz Camarão - coordenador de Finanças do Fundo Nacional de Saúde (FNS)
- Vagner Luiz da Silva Rangel - coordenador de execução orçamentária
- Ramon da Silva Oliveira - coordenador geral de Inovação de Processos e de Estruturas Organizacionais
- Marcelo Sampaio Pereira - diretor de programa da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde
- Angelo Martins Denicoli - diretor do Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS
- Mario Luiz Ricette Costa - assessor técnico da Subsecretaria de Planejamento e Orçamento
- Alexandre Martinelli Cerqueira - Subsecretário de Assuntos Administrativos
- Laura Triba Appi - diretora de Programa da secretaria de Atenção Primária
- Celso Coelho Fernandes Júnior - coordenador-Geral de Acompanhamento e Execução de Contratos Administrativos
- Paulo César Ferreira Júnior - diretor de Programa da Secretaria-Executiva
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