Politica

Brasília-DF

Correio Braziliense
postado em 23/05/2020 04:04


O canhão e o mosquito
A oposição pediu a apreensão do celular de Jair Bolsonaro na linha do “se colar, colou”, apostando que a resposta da Justiça será um “não”. A jogada, porém, rendeu mais do que o previsto, na visão de parlamentares de esquerda. É que, ao soltar uma nota referindo-se ao pedido como uma atitude de “consequências imprevisíveis” para a estabilidade nacional, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, jogou, sem necessidade, a política na zona da desconfiança em relação a atos extremos por parte dos apoiadores do presidente.

A remessa do pedido, à Procuradoria-Geral da República, para que emita seu parecer, faz parte do processo normal. A tendência é de que o parecer seja contrário e o caso termine mesmo com um “não” da Justiça. A desconfiança gerada a partir da nota de Augusto Heleno, porém, continuará no ar. “Ele usou um canhão para atirar num mosquito e criou mais problema num pedido que não terá sucesso”, aposta o senador Major Olímpio (PSL-SP).

Bolsonaro levou a melhor
O presidente terminou a sexta-feira aliviado com a repercussão da sua narrativa a respeito da reunião de 22 de abril. Nas redes sociais, as hashtags positivas ganharam de lavada das negativas, depois da divulgação do vídeo do encontro de 22 
de abril, conforme levantamento da consultoria Bytes: 625 mil em torno das hashtags positivas para o presidente a 
112 mil em relação às negativas.

Lupa no DOU e 
chamada no ministro
A oposição vai chamar o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para explicar que história é essa de “baciada” de decretos para desregulamentar setores, enquanto a imprensa fala da pandemia. O coronavírus e o atendimento à população vítima da covid-19, aliás, estavam em segundo plano na reunião há quase um mês. E, nesse período, o Brasil passou, agora, ao segundo lugar em número de casos.

Pulga atrás da orelha
A citação de Bolsonaro de que tem um “sistema de informações particular que funciona” deixou os políticos com a desconfiança de que 02, o vereador Carlos Bolsonaro, montou o sistema de informações paralelo que o ex-presidente 
do PSL Gustavo Bebianno, que morreu de infarto em março, havia se referido, em entrevista ao Roda Viva.

Rede paralela
Embora Bolsonaro tenha dito, em entrevista à Jovem Pan, que recebe as informações de policiais amigos, como um “sargento do Bope”, não está descartado um chamamento de Carlos ao Congresso para, depois da fala do presidente, explicar a acusação de Bebianno.

Mourão, a esfínge/ O vice-presidente Hamilton Mourão passa a reunião impassível diante dos comentários de Bolsonaro.

Ranking I/ Os ministros que saíram arranhados politicamente da reunião foram Ricardo Salles, Damares Alves e Abraham Weintraub, os dois últimos da ala considerada “ideológica”. Weintraub, aliás, pode se preparar para mais um processo: “Constatei, casualmente, a ocorrência de aparente prática criminosa, que teria sido cometida pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub”, diz a decisão de Celso de Mello, referindo-se a um possível crime de injúria contra os ministros do STF.

Ranking II/ O ministro da Economia, Paulo Guedes, perde terreno entre os funcionários do Banco do Brasil, 
mas ganha no mercado financeiro, que não enlouqueceu com a divulgação do vídeo.
 
 
Ranking III/ Os ministros Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Tereza Cristina (Agricultura, foto) saíram com o troféu sobriedade e focados no serviço para o qual foram nomeados.

Fiquem comigo/ O presidente falou por quase uma hora na porta do Alvorada, ontem à noite. A fala em tom de desabafo foi vista pelos opositores como sob encomenda para tentar tirar público do Jornal Nacional.


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