Politica

Provocação ao STF e ida a ato esvaziado

Correio Braziliense
postado em 25/05/2020 04:28
Sem máscara, cujo uso é obrigatório em Brasília, Bolsonaro participou de nova manifestação em defesa do governo, na Esplanada


Ainda inconformado com o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), por ter tornado público praticamente toda a gravação da reunião ministerial de 22 de abril, o presidente Jair Bolsonaro voltou a provocar o magistrado. Ontem, pelas redes sociais, ele publicou um trecho da lei de abuso de autoridade a respeito de divulgação total ou parcial de gravações.

“Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou imagem do investigado ou acusado”, diz o texto do artigo 28. Bolsonaro também publicou a pena para esse tipo infração: “Detenção de 1 (um) a 4 (quatro) anos”.

Desde sexta-feira, quando o decano do Supremo derrubou o sigilo do vídeo do encontro ministerial, Bolsonaro tem jogado a culpa em Celso de Mello pelo que foi dito na reunião. Durante o encontro, que durou cerca de uma hora e 40 minutos, tanto o presidente quanto alguns ministros abusaram de palavrões e xingaram governadores, prefeitos e ministros do STF.

“O vídeo para nós estava classificado como secreto, quem suspendeu o sigilo do vídeo foi o senhor Celso de Mello, então a responsabilidade de tudo naquele vídeo que não tem a ver com o inquérito é do senhor ministro do STF, Celso de Mello. Nenhum ministro meu tem responsabilidade do que foi falado ali, foi uma reunião reservada de ministros, não foi reunião aberta. E essa sempre foi a nossa prática”, reclamou Bolsonaro, também na sexta-feira, ao falar com jornalistas no Palácio da Alvorada.

Novo protesto
Ontem, Bolsonaro saiu às ruas de Brasília para participar de uma nova manifestação pró-governo, nos arredores do Palácio do Planalto. Com direito a chegada de helicóptero e caminhada pela via em frente à Praça dos Três Poderes, o mandatário ficou meia hora no local e por diversas vezes percorreu a grade de segurança para cumprimentar os manifestantes sem máscara de proteção, que agora é de uso obrigatório na capital federal.

Ele optou por ir voando da residência oficial até o Palácio do Planalto, um trajeto que de carro dura cerca de cinco minutos. Antes de pousar em uma área próxima à vice-presidência, Bolsonaro sobrevoou três vezes o trecho da Esplanada dos Ministérios onde os manifestantes estavam. Imagens aéreas publicadas nas redes sociais do próprio presidente mostraram um movimento esvaziado.

Os apoiadores seguravam cartazes com frases como “Supremo é o povo” e “o Poder emana do povo” e “o povo é Bolsonaro”. De forma isolada, alguns manifestantes exibiram cartazes contra o STF e a imprensa. “Abaixo a ditadura do STF”, dizia um dos cartazes. Em outro, uma frase classificava a imprensa como “inimiga”. A presença de mensagens de tom antidemocrático contraria orientação da semana passada, em que Bolsonaro fez chegar a lideranças do protesto pedido para não exibir faixas contra a Suprema Corte e o Congresso.

Manifestantes puxaram coros de apoio e foram acompanhados por Bolsonaro quando cantaram: “Eu sou brasileiro com muito orgulho.” Uma caixa de som segurada por um apoiador reproduziu o Hino Nacional e também trechos da fala de Bolsonaro na reunião ministerial de 22 de abril. (AF)


Pádua no protesto

No protesto de ontem, um dos participantes foi o pastor Guilherme de Pádua, condenado a 19 anos pelo assassinato, em 1992, da atriz Daniella Perez, filha da escritora Glória Perez. Ele estava acompanhado da mulher, Juliana Lacerda. “Esses políticos corruptos, esses esquemas de tetas públicas que o pessoal fica só explorando o povo brasileiro, e o dinheiro e as melhorias não chegam na mão do povo, não chegam na vida do povo. Se Deus quiser, o Brasil vai mudar”, disse Guilherme, em vídeo publicado nas suas redes sociais.

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