Correio Braziliense
postado em 26/05/2020 04:03
O presidente Jair Bolsonaro continua distribuindo cargos a partidos do Centrão em troca de apoio político para barrar um eventual processo de impeachment no Congresso. Depois de assumirem postos de chefia no Ministério da Educação e em órgãos responsáveis por obras públicas, partidos como PP e PL estão de olho em espaços estratégicos no Ministério da Saúde, um dos mais importantes da Esplanada, ainda mais durante a pandemia da covid-19.
A primeira nomeação na pasta pode sair ainda nesta semana no Diário Oficial da União (DOU). O médico Marcelo Campos Oliveira é apontado como nome de consenso entre PP e PL para assumir o comando da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (Saes), responsável por gerir cifras milionárias para bancar leitos em hospitais. Desde o início da pandemia, o órgão liberou R$ 911,4 milhões para custear 6.344 quartos exclusivos destinados a pacientes com covid-19 por três meses.
O comando de outra secretaria importante, a de Vigilância em Saúde (SVS), está na mira do PL, do ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão. O cargo, no entanto, pode ficar com militares, que crescem no governo desde que o general Eduardo Pazuello substituiu o médico Nelson Teich, como ministro interino. No lugar da SVS, o PL pode ficar com a chefia de outras três secretarias, que já estão vagas: as de Atenção Especializada e de Atenção Primária em Saúde e a de Ciência e Tecnologia.
A cobiçada Secretaria de Vigilância em Saúde está desocupada. Foi publicada ontem a exoneração do então titular, o epidemiologista Wanderson de Oliveira, um dos técnicos que trabalhavam diretamente na elaboração de estratégias de enfrentamento à covid-19. Desde a demissão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, Wanderson avisava que pediria o desligamento.
Educação
Ontem, o Centrão encaixou um indicado do PL na Diretoria de Tecnologia e Inovação do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) e ainda espera conseguir, nos próximos dias, outras funções estratégicas no Ministério da Educação. Assumida ontem por Paulo Roberto Aragão Ramalho, a vaga foi a segunda preenchida pelo partido no órgão desde o início do mês. A sigla também emplacou Garigham Amarante Pinto à frente da Diretoria de Ações Educacionais do Fundo.
A presidência do FNDE é outra em jogo e deve ficar com o PP. Tudo indica que o órgão passará a ser comandado por Marcelo Lopes da Ponte, atual chefe de gabinete do senador Ciro Nogueira, presidente da legenda à qual Bolsonaro foi filiado durante 13 anos. O Centrão deve conseguir espaços importantes, ainda, no Ministério do Turismo e na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), além das presidências do Banco do Nordeste e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O último deve ficar com o PSD.
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