Politica

MPF: irregularidade até em caixa d `água

Correio Braziliense
postado em 27/05/2020 04:02
Agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao governador

As buscas na Operação Placebo foram pedidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e executadas por agentes da PF de Brasília que atuam em inquéritos relacionados a autoridades com foro no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Entre os endereços visitados estavam o Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio; uma casa dele no bairro do Grajaú, na zona norte da capital fluminense; o Palácio Guanabara, sede oficial do governo estadual; e o escritório de advocacia da primeira-dama do estado, Helena Witzel, no Leblon, zona sul do Rio. No Palácio das Laranjeiras, foram apreendidos computadores e celulares do governador.

Os mandados, autorizados pelo ministro Benedito Gonçalves, do STJ, tiveram por base duas investigações conduzidas pela Lava-Jato no Rio e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Ambas relacionam o nome de Witzel a empresários e gestores envolvidos com desvios nos recursos destinados ao combate à pandemia no estado. Um dos indícios foi obtido por promotores estaduais após ouvirem, durante seis horas, na semana retrasada, o ex-subsecretário estadual de Saúde Gabriell Neves, que está detido no Presídio José Frederico Marques, em Benfica.
A ação também se baseou em uma prova obtida nas investigações da Operação Favorito, uma ação da força-tarefa da Lava-Jato executada há duas semanas, com elementos da relação entre o governador e o empresário Mário Peixoto, preso na ocasião.

Outra menção a Witzel nas investigações da Favorito ocorreu durante uma ligação entre o empresário Luiz Roberto Martins Soares, um dos principais alvos da operação, e o ex-prefeito de Nova Iguaçu Nelson Bornier. Na conversa, os dois mencionaram a revogação de uma resolução conjunta das secretarias estaduais de Saúde e da Casa Civil que desqualificou o Instituto Unir Saúde para seguir à frente das UPAs do estado no ano passado.

Em São Paulo, os investigadores vasculharam a sede da Organização Social Iabas, na zona sul da capital, e a casa de um diretor da entidade. A Iabas firmou contrato de R$ 835 milhões com o governo do Rio para implantação de sete hospitais de campanha no estado. O prazo para a entrega das unidades venceu em 30 de abril, porém, a única entregue até o momento foi a do estádio do Maracanã e, mesmo assim, pela metade.

Os mandados de busca e apreensão também tiveram como alvos os sócios das empresas Clube de Produção e Corporate Events. Elas disputaram com a Iabas o contrato de R$ 835 milhões, que incluía, além da montagem dos hospitais, o fornecimento de mão de obra e insumos. Existe a suspeita de que essas empresas teriam participado de um esquema de fraude no processo seletivo.
 
Provas
A PF afirma ter reunido provas que apontam para Witzel no topo da lista do grupo que fraudou o orçamento até de caixa d’água nas unidades temporárias de saúde no estado. O governador teria o auxílio da mulher, Helena Witzel, e do ex-secretário de estado da Saúde Edmar Santos.

O ministro Benedito Gonçalves menciona as suspeitas de que Witzel comandou as ilegalidades. “Afirmam (os investigadores) que as provas coletadas até este momento indicam que, no núcleo do Poder Executivo do estado do Rio, foi criada uma estrutura hierárquica, devidamente escalonada a partir do governador, que propiciou as contratações sobre as quais pesam fortes indícios de fraudes”, prosseguiu.

O magistrado anotou, ainda, que a investigação trata de “supostos ilícitos cometidos por alguns investigados com conhecimento jurídico, cuja obtenção de prova torna-se bastante difícil”. Witzel é ex-juiz federal e a esposa dele, advogada.

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