Politica

Troca de acusações com Flávio

Correio Braziliense
postado em 27/05/2020 04:03

Em entrevista coletiva para se defender das suspeitas de corrupção, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, cobrou uma ação mais enérgica da Polícia Federal contra a família do presidente da República e citou o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que, para ele, deveria estar na cadeia. “O que se vê na família do presidente Bolsonaro: a Polícia Federal engaveta inquérito, vaza informações. O senador Flávio Bolsonaro, com todas a provas que já temos contra ele, que já estão aí sendo apresentadas, dinheiros em espécie depositado em conta corrente, lavagem de dinheiro, bens injustificáveis, já deveria estar preso”, ressaltou. “A PF deveria fazer o seu trabalho com a mesma celeridade que faz aqui no Rio porque o presidente acredita que estou perseguindo a família dele. E ele só tem essa alternativa de me perseguir politicamente.”

Witzel se referiu ao fato de Flávio ser investigado por lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa. Uma das acusações é de que ele teria instituído um esquema de rachadinha entre funcionários de seu gabinete quando atuava como deputado estadual, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). As suspeitas são de que parte dos salários dos assessores era devolvida ao filho do presidente ou usada para outros fins. Quem, supostamente, fazia o recolhimento do dinheiro era Fabrício Queiroz, então assessor do parlamentar.

Flávio Bolsonaro respondeu Witzel numa transmissão ao vivo por redes sociais. “Estou sendo investigado há mais de dois anos, nem denúncia tem contra mim, porque não tem elementos para me denunciar. Agora, no seu caso, não”, disparou. “Como eu me arrependo de ter te elegido. Jamais ia imaginar que você ia ser mais um desses traidores.”

O senador disse que Witzel deveria se preocupar com a sua própria defesa e acusou o chefe do Executivo estadual de extorquir empresários. “O que falam é que você, para liberar restos a pagar, está extorquindo empresário, exigindo propina deles para liberar dinheiro que estava preso desde 2009, 2010, 2011. O estado do Rio quebrado e você fazendo acordo. É o que estão dizendo”, enfatizou. “Tem tanta coisa errada no seu governo e é por isso que me afastei desde o início. Isso não é nada perto do tsunami que pode chegar contra você. Pelo menos meia dúzia de secretarias vai ter problema.”

Em relação às afirmações de Witzel de que a operação se deu pela interferência de Bolsonaro na PF, Flávio ressaltou que a investigação começou na Polícia Civil. “A sua própria Polícia Civil iniciou uma investigação e, no meio do caminho, encontrou você. Isso não tem nada a ver com mudança da PF”, rebateu. Ele ainda chamou o governador de louco. “Está cometendo atos de insanidade. Talvez seja essa sua estratégia: parecer que é maluco para não ir para cadeia em Bangu 8”, disparou.

 

Marinho depõe

O empresário Paulo Marinho, ex-coordenador da campanha do presidente Jair Bolsonaro, prestou novo depoimento à Polícia Federal, ontem. Ele foi ouvido no âmbito do inquérito aberto para investigar suposta tentativa do chefe do Executivo de interferir na corporação. Marinho afirmou que levou novas provas e que voltará, na quinta-feira, para entregar o celular para perícia. O empresário afirma que o senador Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente, soube com antecedência de uma operação da PF que mirou Fabrício Queiroz. A corporação também teria adiado a deflagração de uma ação para não prejudicar a campanha do então candidato Jair Bolsonaro.

 

(Colaborou Alessandra Azevedo)

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