Sarah Teófilo, Ingrid Soares
postado em 27/05/2020 21:59

Por volta das 18h50, o chefe do Executivo retornou ao Palácio da Alvorada, não concedeu entrevistas, mas disse a apoiadores que estava acompanhado do ministro da Justiça, André Mendonça, que ;levava trabalho para casa; e que resolveria ;uns problemas;. No entanto, ele não se referiu diretamente ao STF.
;Estou levando trabalho para casa. Estou com o ministro da Justiça e vou trabalhar até meia-noite para resolver alguns problemas. É a vida da gente. Eu sei o que vocês estão sentindo, tá ok?".
Ao entrar no Alvorada, Bolsonaro não deu declarações acerca da operação que foi deflagrada nesta quarta-feira (27) por ordem do ministro Alexandre de Moraes, que expediu mandados de busca e apreensão no âmbito do inquérito das fake news. A investigação apura ameaças e ofensas contra os magistrados do STF. O presidente, no entanto, não escondeu o descontentamento ao dizer a interlocutores que achou absurda a medida. Os alvos foram 13 aliados e apoiadores do presidente.
Mais cedo, Bolsonaro se reuniu com quase todos os ministros no Palácio do Planalto. Só não estavam presentes os ministros da Saúde, Eduardo Pazuello, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A rixa com o STF se torna ainda mais intensa com a ação do ministro Alexandre de Moraes. No caso de Weintraub, Moraes determinou na última terça-feira (26) que ele seja ouvido pela Polícia Federal (PF) no mesmo inquérito por uma declaração feita em reunião ministerial do dia 22 de abril. Na ocasião, o ministro disse: ;Por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF;.
O principal foco da operação de ontem é um grupo suspeito de operar uma rede de divulgação de informações falsas contra autoridades, além de possíveis financiadores da equipe do chamado ;gabinete do ódio;. Foram apreendidos celulares, notebooks e computadores para as investigações. No entanto, o chefe do Executivo não gostou de ter bolsonaristas sob investigação.
[SAIBAMAIS]A primeira medida que ficou definida é que a AGU (Advocacia-Geral da União) ingressará com pedido de habeas corpus para que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, não preste depoimento ao STF, conforme informações do jornal O Estado de S. Paulo. Ele foi intimado no mesmo inquérito que apura o disparo de fake news por aliados do presidente.
Em nota emitida durante a tarde, Mendonça afirmou que ;aos parlamentares é garantida a ampla imunidade por suas opiniões, palavras e votos; e que ;intimidar ou tentar cercear esses direitos é um atentado à própria democracia;. O ministro afirmou, ainda, que como AGU, em 2019, defendeu a constitucionalidade do inquérito ;por dever de ofício imposto pela Constituição;. ;Em nenhum momento, me manifestei quanto ao mérito da investigação e jamais tive acesso ao seu conteúdo;, escreveu.