Correio Braziliense
postado em 28/05/2020 04:03
Na decisão de ontem que determinou buscas e apreensões contra alvos do inquérito sobre fake news, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aponta cinco empresários como suspeitos de atuarem no financiamento de esquema de disseminação de ataques e informações falsas contra integrantes da Corte e outras autoridades. Entre eles, estão Luciano Hang, dono das lojas Havan, e Edgard Gomes Corona, fundador e CEO da rede de academias Smart Fit.
Além deles, o ministro cita Otávio Oscar Fakhoury, o humorista Reynaldo Bianchi Junior e Winston Rodrigues Lima, criador do Bloco Movimento Brasil e youtuber do canal Cafézinho com Pimenta. Dos cinco, Moraes só não pede a quebra de sigilo fiscal e bancário de Fakhoury.
O ministro afirmou, na decisão, que a estrutura de divulgação de informações falsas está aparentemente “sendo financiada por um grupo de empresários que, conforme os indícios constantes dos autos, atuaria de maneira velada fornecendo recursos (das mais variadas formas), para os integrantes dessa organização”. “Essas tratativas ocorreriam em grupos fechados no aplicativo de mensagens WhatsApp, permitido somente a seus integrantes”, pontuou.
Moraes ressaltou que o acesso a essas informações é de vital importância para a investigação, “notadamente para identificar, de maneira precisa, qual é o alcance da atuação desses empresários nessa intrincada estrutura de disseminação de notícias fraudulentas”. Por isso, foi solicitada a busca e apreensão de celulares, tablets e outros aparelhos de 17 pessoas, incluindo os empresários. A operação da Polícia Federal deflagrada, ontem, realizou esse trabalho em cinco estados e no Distrito Federal.
O magistrado frisou, ainda, haver informações de que os empresários investigados no inquérito integram um grupo de WhatsApp com o nome “Brasil 200 Empresarial”, “em que os participantes colaboram entre si para impulsionar vídeos e materiais contendo ofensas e notícias falsas com o objetivo de desestabilizar as instituições democráticas e a independência dos poderes”. Nesse momento, Moraes não citou Oscar Fakhoury, tendo mencionado o nome dos outros quatro empresários.
No documento, o ministro incluiu um print que seria do grupo no qual o empresário Edgard Corona teria enviado publicações que atacam o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e escrito: “Temos de impulsionar estes vídeos. Precisamos de dinheiro para incestir (investir) em mkt (marketing)”.
Suspeitos de financiarem fake news
Luciano Hang
Quem é
Dono das lojas Havan. Usou redes sociais para convocar apoiadores de Bolsonaro a participar dos atos de 15 de março pró-governo e contra STF e Congresso.
Como se defendeu
“Jamais atentei ou fiz fake news contra o STF. E, dessa forma, entregando meu celular, meu computador pessoal, vai estar tudo esclarecido, 100%.”
Edgard Corona
Quem é
Fundador e presidente do grupo Bio Ritmo, que detém as redes de academia Bio Ritmo e Smart Fit. Em fevereiro, de acordo com a denúncia do ministro Alexandre de Moraes, do STF, ele iniciou um movimento contrário ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Como se defendeu
“Estou à disposição da Justiça para os devidos esclarecimentos em investigação do Supremo Tribunal Federal”
Winston Lima
Quem é
Conhecido como Comandante Winston, mantém um canal no YouTube de apoio a Bolsonaro. Ele tem sido um dos principais incentivadores das recentes manifestações a favor do governo realizadas em Brasília.
Como se defendeu
“Estão querendo investigar se financio as manifestações da direita conservadora, quebraram meu sigilo bancário e fiscal, mas mal consigo pagar minhas contas no fim do mês.”
Reynaldo Bianchi
Quem é
Humorista que, segundo Moraes, ajudou a financiar as divulgações de injúrias contra ministros do STF. Em
entrevista recente, defendeu
a dissolução do STF.
Como se defendeu
“Um inquérito para mim, humorista? Isso é ridículo. Eu não tenho medo de nada, não. Se eu for pegar a folha corrida de ministros do STF, vocês vão ver o que eles fizeram. Eu não tenho medo.”
Otávio Fakhoury
Quem é
Investidor, administrador de um fundo imobiliário e um dos coordenadores do grupo Avança Brasil. É mais um suspeito a integrar o grupo de “financiamento de inúmeras publicações e vídeos com conteúdo difamante e ofensivo ao STF”, segundo o ministro Alexandre de Moraes.
Como se defendeu
Não foi localizado para comentar a fato de ter sido alvo da operação.
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