O presidente Jair Bolsonaro publicou, ontem, em sua página no Twitter, uma série de mensagens com notícias divulgadas pela imprensa sobre decisões de tribunais e da Polícia Federal que envolvem seu governo e escreveu: “Tudo aponta para uma crise”.
“Primeiras páginas dos jornais abordaram, com diferentes destaques, as decisões envolvendo a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), da Polícia Federal, do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em relação ao governo Bolsonaro e seus aliados”, postou o presidente.
A citação ao TCU não é explicada, mas foi divulgado que o tribunal pode apurar se houve uso de recursos públicos pelo chamado Gabinete do Ódio, um dos alvos do inquérito das fake news em andamento no STF.
Bolsonaro mencionou uma notícia-crime enviada pelo ministro Celso de Mello, do Supremo, à Procuradoria-Geral da República (PGR) contra um dos seus filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O parlamentar é suspeito de crime de incitação à subversão da ordem política ou social.
O chefe do Executivo também mencionou o pedido da PF para prorrogação, por 30 dias, do inquérito que investiga possível interferência dele na corporação, uma acusação feita pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro.
Também foi postada por Bolsonaro notícia de que o ministro Og Fernandes, do TSE, deu prazo de três dias para que ele e seu vice, Hamilton Mourão, apresentem informações sobre um pedido feito pelo PT para que dados do inquérito das fake news sejam incluídos em ações que questionam a campanha de 2018.
“A acusação é de que a chapa usou empresas para efetuar disparos em massa de mensagens com notícias falsas contra opositores? *Estadão realça que esse seria o caminho mais próximo para retirá-los do Poder”, escreveu o comandante do Planalto.
Ele citou, ainda, que a Rede Sustentabilidade, que pedia o fim do inquérito das fake news, desistiu da ação, agora que a investigação atingiu pessoas ligadas ao presidente. “Jornais também destacaram nas suas capas o manifesto dos procuradores da República, com a assinatura de 590 de 1.150 integrantes do MPF, para a adoção da lista tríplice para a nomeação do chefe da instituição”, pontuou.
Mais cedo, Bolsonaro havia publicado vídeo de 2017 de um discurso do ministro Alexandre de Moraes, do STF, no qual ele fala sobre liberdades, em uma sabatina no Senado, depois que foi indicado pelo então presidente Michel Temer à vaga na Corte.
As publicações do presidente acontecem em meio a uma intensa crise entre o Executivo e o Judiciário, após Moraes emitir mandados de buscas e apreensões contra blogueiros, youtubers e empresários apoiadores do governo no âmbito do inquérito das fake news. O Palácio do Planalto não comentou as postagens do presidente.
Passeio
Na manhã de ontem, Bolsonaro fez mais um passeio em plena pandemia. Ele embarcou num helicóptero na Base Aérea de Brasília e seguiu para Goiás. A primeira parada ocorreu em uma lanchonete de Abadiânia, onde tomou café e tirou foto com eleitores que estavam no local. Dezenas de pessoas acompanharam a visita, apesar das recomendações de autoridades sanitárias para respeitar o isolamento social como forma de conter a disseminação do novo coronavírus.
Bolsonaro usava uma máscara cirúrgica, mas retirou o item de proteção quando posou para fotos com populares e apertou mão de apoiadores. Ele ainda pegou uma criança no colo e conversou com pessoas também sem utilizar o equipamento. O chefe do Executivo estava acompanhado do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e do líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO). O parlamentar anunciou, pelo Twitter, que a intenção da viagem era conversar com a população.
Ao deixar Abadiânia, Bolsonaro seguiu até o Comando de Operações Especiais do Exército de Goiânia. No local, fez uma breve live pelas redes sociais e recebeu homenagens dos militares. Após a visita, retornou a Brasília. Nenhum dos compromissos foi registrado na agenda oficial. A assessoria de imprensa no Planalto informou que ele estava “em agenda pessoal”.
“Medida enérgica”
A notícia-crime foi protocolada na Corte para investigar as declarações de Eduardo de que não se trata de uma questão de “se”, mas de “quando” Bolsonaro adotará uma “medida enérgica”, após operação da Polícia Federal no inquérito das fake news atingir aliados do Planalto.
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