Politica

Coronavírus já matou 14 vezes mais do que projeções de Osmar Terra

O deputado chegou a afirmar: 'Eu estou convencido que o pico é agora, e termina em maio', 'não é o apocalipse como estão prevendo'

A tragédia provocada pelo novo coronavírus no Brasil aumenta a cada novo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde. O país já contabiliza, oficialmente, 28.834 óbitos pela COVID-19, e passou a ser considerado, neste fim de semana, o quarto com mais vítimas da doença. O número é pelo menos 14 vezes maior que o previsto, por exemplo, pelo deputado federal Osmar Terra (MDB/RS), grande crítico do isolamento social que chegou a ser cogitado para assumir o Ministério da Saúde após a saída de Luiz Henrique Mandetta. Terra havia dito que a COVID-19 não mataria mais que a gripe suína no país. 

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Segundo dados do governo federal, a gripe suína, primeira pandemia do século 21, matou 2.060 pessoas em 2009 e outras 100 em 2010, totalizando 2.160 óbitos. Mesmo com a alta subnotificação, em abril o Brasil já havia superado este índice em mortes por coronavírus. Apesar de os gráficos mostrarem um flagrante crescimento do número de casos da doença no país, Osmar Terra persistiu em prever como se daria o avanço da doença. Em 7 de abril, o deputado disse que o coronavírus mataria menos que “gripes sazonais”. 

Em 13 de abril, Terra afirmou que o pico da pandemia do novo coronavírus estava perto do fim. O deputado afirmava: “Eu estou convencido que o pico é agora, e termina em maio”, “não é o apocalipse como estão prevendo”. Ainda em abril, Terra se equivocou ao dizer, em seu Twitter, que os Estados Unidos já tinham registrado o pico da doença. Quando o Brasil já tinha 10 mil mortes por coronavírus, Osmar Terra criticava o isolamento social. "Depois que a epidemia está circulando, trancar as pessoas em casa é um erro", disse o ex-ministro da Cidadania do governo Jair Bolsonaro. 
 
 

O presidente, inclusive, chegou a compartilhar as ideias de Terra em seu Twitter. Ao longo da pandemia, ambos foram na contramão das orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), pedindo o fim do isolamento social, mas não apresentaram comprovações técnicas para fundamentar o argumento.
 
 

A pandemia se agravou em maio, o pior mês da doença no país até agora. Terra, então, levantou a bandeira da hidroxicloroquina. A polêmica sobre o uso do medicamento para tratar pacientes em fase inicial de COVID-19 esteve entre os motivos que derrubaram dois ministros da saúde, Henrique Mandetta e Nelson Teich, durante a maior crise de saúde da história do Brasil. A comunidade científica já apresentou estudos que mostram os riscos que a cloroquina pode causar. 
 
  
 
No dia 8 de maio, o novo coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, Dimas Covas, disse que a quarentena evitou cerca de 40 mil mortes no estado. Também neste mês, pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que sem a quarentena, mortes por COVID-19 em BH já teriam quadruplicado. Além disso, é consenso entre os especialistas que o distanciamento social é fundamental para evitar a contaminação de uma grande quantidade de pessoas, o que poderia provocar o colapso do sistema de saúde.