Correio Braziliense
postado em 02/06/2020 04:03
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), classificou como “inaceitáveis” as manifestações contra o Supremo Tribunal Federal (STF) ocorridas no fim de semana. Para ele, a participação do presidente Jair Bolsonaro nos atos é “muito ruim” e a consequência pode ser um aprofundamento de uma das maiores crises da história do país. As impressões do deputado foram durante entrevista, ontem, ao portal Uol.
Maia criticou a mobilização de domingo, com várias demandas inconstitucionais, como pedido de fechamento do STF, do Congresso e até intervenção militar. Em alguns locais, os manifestantes fizeram referências neonazistas. “É inaceitável que se exista, que se faça uma mobilização e que tenha respaldo do governo. Um governo eleito de forma democrática precisa respeitar as instituições democráticas”, afirmou, citando o agravante de os atos terem ocorrido no meio de uma pandemia.
O deputado criticou a ida de Bolsonaro à manifestação, sem máscara, e lembrou que não é a primeira vez que o chefe do Executivo participa desse tipo de movimento e estimula aglomerações, enquanto o número de mortes pela covid-19 no Brasil se aproxima de 30 mil. “Muito ruim, porque, na semana passada, ele foi às manifestações. Sem dúvida nenhuma, nós devemos criticar e condenar uma atitude como essa”, disse.
Ele também mencionou a volta a cavalo do presidente na manifestação. “O último que andou a cavalo na Esplanada foi o general Newton Cruz. Não são imagens positivas e de boas lembranças para o Brasil”, comentou Maia, lembrando de um dos mais polêmicos comandantes da ditadura militar.
Para Maia, também não foi uma boa sinalização o fato de o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, ter acompanhado o ato de helicóptero, com o presidente. “Eu acho que o ministro da Defesa, com todo respeito e admiração, andar no helicóptero com o presidente da República, voar de helicóptero, para olhar uma manifestação contra o STF? Não é sinalização positiva e isso vai gerando consequências”, afirmou. Mesmo com as ameaças, o deputado não acredita em uma ruptura institucional ou em um golpe militar.
Para Maia, ameaças aos ministros do STF devem ser investigadas por ultrapassarem o limite de críticas democráticas e da liberdade de expressão. O deputado ainda comentou a gravidade do ato de sábado, em frente ao STF. “Grave. Grupo minoritário, racista, com essa simbologia da Ku Klux Klan. Inaceitável que se faça um evento desse no sábado à noite em frente ao STF. O que eles querem? Intimidar o Supremo pelas decisões que o Supremo toma?”.
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