Correio Braziliense
postado em 04/06/2020 04:03
Em ato virtual, representantes da classe jornalística e da oposição ao governo no Congresso defenderam a liberdade de imprensa e a democracia, como respostas aos ataques dirigidos a jornalistas nos últimos meses. No evento, transmitido ao vivo nas redes sociais ontem, os participantes compararam o autoritarismo da gestão do presidente Jair Bolsonaro à ditadura militar.
De acordo com a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), existem motivos para que o chefe do Executivo seja submetido a processo de crime de responsabilidade pelo Congresso. “O presidente Jair Bolsonaro é o maior obstáculo para enfrentamento da pandemia no Brasil. Ameaça reiteradamente as funções democráticas do Estado e da sociedade civil e tem demonstrado, cotidianamente, sua incapacidade para exercer dignamente e com competência a Presidência da República”, afirmou Paulo Jeronimo de Sousa, presidente da ABI, em discurso. Ele enfatizou a importância do jornalismo na luta contra a pandemia que, segundo destacou, vem sendo mal-conduzida pelo governo federal.
Marcelo Träsel, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), afirmou que a população brasileira passa pela maior ameaça à democracia desde a redemocratização do Estado. Ele pontuou que a perseguição aos jornalistas é um dos primeiros sinais de “degradação autoritária”, devido ao papel da imprensa em “denunciar e tentar impedir o uso oportunista do Estado para fins antidemocráticos”. “Cabe ressaltar que, em momento algum, o presidente da República condenou essas agressões físicas (aos jornalistas)”, frisou.
De acordo com a presidente da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, a violência contra jornalistas no Brasil aumentou 54% em 2019, em comparação com 2018. “Cresceu em razão de uma institucionalização dessa violência por meio da Presidência da República. O presidente, sozinho, foi responsável por cerca de 58% dos ataques desferidos genericamente à imprensa e a jornalistas em particular”, ressaltou.
Além das entidades jornalísticas, representantes partidários do Senado Federal e a Câmara se pronunciaram a favor da liberdade de imprensa. Entre eles, membros de PCdoB, PT, PSol, PSB, PDT, Cidadania, PV e Rede. O discurso deles foi em prol da união das legendas, mesmo com diferenças políticas, no combate ao autoritarismo e em defesa da democracia. A deputada federal Fernanda Melchionna (PSol) disse que o presidente da República, “em vez de liderar o país contra essa pandemia, decidiu liderar a extrema direita contra nossas liberdades democráticas”.
Para o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o ato foi em defesa da democracia. “De todos os sinais do regime autoritário, um dos mais fortes é a violência contra a liberdade de imprensa”, avaliou. “Não há democracia sem imprensa livre e sem respeito às instituições democráticas”, enfatizou o senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB). (Com Agência Senado)
* Estagiária sob supervisão de Cida Barbosa
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Número de ataques de Bolsonaro à imprensa, de janeiro a abril deste ano, segundo a Fenaj
OAB-DF pede respeito a direitos
A Ordem dos Advogados do Brasil — seccional do Distrito Federal — emitiu nota, ontem, conclamando “as autoridades e toda a sociedade civil ao respeito incondicional às liberdades constitucionais, em nome da preservação da democracia”. O órgão defendeu o livre direito do povo de se manifestar, “já que sempre lutamos muito para que a voz popular não fosse calada nem censurada e para que o direito de livre expressão fosse inscrito como garantia fundamental na Constituição, (...) o que deve ocorrer sempre de forma livre, pacífica e ordeira”. “O momento é de harmonia dos Poderes, afastamento de arroubos autoritários que ameacem a democracia, respeito às instituições e, especialmente, reverência a todas as liberdades e garantias constitucionais, aos direitos humanos, ao Estado democrático de direito e à história de luta da OAB-DF e da advocacia do Distrito Federal”, frisou o comunicado.
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