Politica

Bolsonaro:nova divulgação de dados de covid visa retratar o momento do país

Ainda segundo nota divulgada pelo presidente, as informações estão sendo adequadas para evitar subnotificação e inconsistência dos dados

Correio Braziliense
postado em 06/06/2020 11:55
A ordem para atrasar a divulgação de boletins epidemiológicos sobre a disseminação do novo coronavírus no país partiu direto do presidente Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro postou nas redes sociais na manhã deste sábado (6/6) uma nota do Ministério da Saúde para justificar a mudança ocorrida na divulgação de dados sobre covid. Além de não informar o total de mortes e o total de casos confirmados do novo coronavírus desde o início da pandemia, a pasta não mais divulga o total de casos em investigação para o vírus. A divulgação que ocorria às 17h durante o comando do ex-ministro Mandetta, passou a sair às 19h após a saída do mesmo. A partir do meio desta semana, o boletim passou a sair apenas às 22 horas. O portal do Ministério da Saúde com as informações consolidadas também foi tirado do ar.
 
Segundo a nota, o modelo anterior, além de não indicar que a maior parcela já não está com a doença, ‘não retratam o momento do país’. Ainda segundo nota divulgada pelo presidente, as informações estão sendo adequadas para evitar subnotificação e inconsistência dos dados.

Coincidentemente, a medida foi adotada após o Brasil registrar dois dias seguidos de recorde de mortes por covid19 em 24 horas. Na última quarta-feira (3), a pasta registrou 1.349 óbitos. 
 
Leia na íntegra a nota: 
 
"O Ministério da Saúde adequou a divulgação dos dados sobre casos e mortes relacionados ao Covid-19. Ao longo do enfrentamento da doença, a coleta de informações evoluiu com oferta de insumos, capacitação de equipes e serviços laboratoriais. As medidas, assim, permitem obter dados mais precisos sobre a situação em cada região.
A divulgação dos dados de 24 horas permite acompanhar a realidade do país neste momento e definir estratégias adequadas para o atendimento a população. A curva de casos mostram as situações como as cenários mais críticos, as reversões de quadros e a necessidade para preparação. Ao acumular dados, além de não indicar que a maior parcela já não está com a doença, não retratam o momento do país. Outras ações estão em curso para melhorar a notificação dos casos e confirmação diagnóstica. As rotinas e fluxos estão sendo adequados para garantir a melhor extração dos dados diários, o que implica em aguardar os relatórios estaduais e checagem de dados. Para evitar subnotificação e inconsistências, o Ministério da Saúde optou pela divulgação às 22h, o que permite passar por esse processo completo. A divulgação entre 17h e 19h, ainda havia risco subnotificação. Os fluxos estão sendo padronizados e adequados para a melhor precisão.", postou Bolsonaro.
 
Veja abaixo a publicação: 
 
 
 
Ontem (5), Bolsonaro defendeu a divulgação tardia dos dados sobre o novo coronavírus. Conforme o Correio adiantou, a ordem para atrasar a divulgação de boletins epidemiológicos sobre a disseminação do novo coronavírus no país partiu direto do presidente Bolsonaro. Ironizando e rindo sobre o assunto, Bolsonaro disse que agora “acabou a matéria do Jornal Nacional”.

“Mas é para pegar o dado mais consolidado e tem que divulgar os mortos no dia. Por exemplo, ontem, praticamente dois terços dos mortos eram de dias anteriores, dos mais variados possíveis. Tem que divulgar o do dia. O resto consolida para trás. Se quiser fazer um programa do Fantástico todinho sobre mortos nas últimas semanas, tudo bem”, apontou.

Ele disse ainda colocou em dúvida a estatística dos dados, afirmando que é necessários separar os reais casos de mortes por coronavírus. “Se bem que o que falta ainda, mais difícil, tem que saber quem perdeu a vida por causa do covid ou com o covid. Vai ver uma pessoa tem dez comorbidades, está com 94 anos e pegou o vírus. Potencializa. Parece que esse pessoal, Globo, Jornal Nacional, gosta de dizer que o Brasil é recordista em mortes. Agora, inclusive, falta seriedade. Bote mortes por milhões de habitantes. É a mesma coisa de querer comparar mortos no Brasil que tem 210 milhões de habitantes com país que tem 10 milhões.”.

Questionado de onde partiu a ordem para que o boletim saísse no final da noite, Bolsonaro respondeu: "Não interessa quem deu a ordem, acho que é justo sair dez da noite com os dados mais consolidados. Muito pelo contrário. Ninguém que correr para atender à Globo".

O presidente ainda emendou: "Se ficar pronto antes, tudo bem, mas ninguém vai correr até às seis da tarde para atender a Globo, a TV Funerária".
 
A estratégia da Presidência é evitar que os dados estejam disponíveis no horário dos telejornais noturnos, período em que as televisões têm maior audiência, pois muitos dos brasileiros estão em casa.  

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