Politica

Em dia de protestos contra e a favor do governo, segurança está em alerta

GDF rejeita ajuda federal e garante que atos contra e a favor do governo, nos arredores da Praça dos Três Poderes, ocorrerão ordeiramente. Mas, em São Paulo, Justiça foi obrigada a intervir e manifestações serão em locais diferentes

Correio Braziliense
postado em 07/06/2020 07:00

Em São Paulo, a Justiça tenta evitar que se repitam as cenas de pugilato entre os manifestantes e confronto com a PMA dimensão dos atos marcados para hoje, em várias capitais do país, é incerta, com mudanças de última hora nos locais das manifestações e pedidos para suspendê-las. Também há dúvidas sobre a atuação policial e medo de confrontos entre os grupos pró-Bolsonaro e contrários, aos quais se somarão protestos antirracistas, como aconteceu no último domingo. Preocupado com a repercussão, o presidente Jair Bolsonaro ameaça usar a Força Nacional para reprimir “marginais”, caso “extrapolem o limite da lei”.

 

O governo do Distrito Federal rejeitou a ajuda da tropa federal, mesmo depois da visita do presidente ao gabinete do secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, na última quinta-feira. O GDF assegurou, ontem, em nota, que o policiamento local será suficiente para garantir “a livre manifestação e a ordem”. As forças de segurança ficarão em toda a Praça dos Três Poderes e nos arredores, onde os grupos antagônicos pretendem se reunir.

 

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios disse, em nota, estar atento às “denúncias sobre o incentivo, por parte de integrantes da Polícia Militar, ao uso de força excessiva contra os manifestantes”. O MPDFT recomendou que manifestantes denunciem eventuais abusos na ouvidoria do órgão.

 

Porém, em São Paulo, a situação corre o risco de voltar a se complicar. Apoiadores e contrários a Bolsonaro não chagaram a acordo sobre dia, hora e local dos atos, o que gerou impasse e foi judicializado. Na tentativa de evitar conflitos entre os dois lados, contra e a favor do governo, como o que ocorreu no último domingo, o juiz do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) Rodrigo Galvão Medina concedeu liminar proibindo a realização de movimentos antagônicos na Avenida Paulista.

 

Os dois lados pretendiam se reunir na região e não chegaram a um consenso sobre qual deles alteraria o lugar. Com a decisão judicial, o Movimento Somos Democracia mudou para o Largo do Batata, “apesar do inconformismo com a decisão”, afirmou, em nota. O objetivo é “preservar a integridade física dos manifestantes e evitar a repressão”. Apesar de parte dos ativistas defender a suspensão do ato, para evitar contágio pelo novo coronavírus, o grupo disse que não vai recuar.

 

“Nós, torcedores articulados no Movimento Somos Democracia, ativistas do movimento negro e da Frente Povo Sem Medo, entendemos que essa decisão atenta à liberdade de manifestação. Apesar disso, para garantia da integridade física dos manifestantes, comunicamos a decisão de mudança do local do ato em São Paulo para o Largo da Batata às 14h”, diz uma nota conjunta dos movimentos Somos Democracia, Frente Povo Sem Medo e Ato Urgente SP - Vidas Negras Importam.

 

Cautela

Para tranquilizar os manifestantes, o Movimento Somos Democracia, ativistas do movimento negro e da Frente Povo Sem Medo dizem que haverá distribuição gratuita de máscaras e álcool em gel, além do distanciamento de 1,5 metro entre as pessoas. Para diminuir a preocupação com intervenções policiais, organizadores dos atos também têm pedido, nas redes sociais, que não haja depredação de patrimônio público — como, aliás, se viu no domingo passado.

 

O esquema de segurança em São Paulo será reforçado nas duas regiões, com mais de 4 mil policiais envolvidos. O governo do estado anunciou o uso de três helicópteros, seis drones, 150 viaturas, quatro veículos guardiões e um veículo lançador de água.

 

No último domingo, os protestos que começaram pacíficos terminaram em tumulto, quando manifestantes favoráveis e contrários ao governo entraram em confronto. A Polícia Militar de São Paulo precisou intervir, mas integrantes de movimentos anti-bolsonaristas criticaram o uso desigual da força contra cada lado.

 

Deputado suspeito de montar dossiê

Depois que na última terça-feira dados pessoais do presidente Jair Bolsonaro, de seus parentes e de integrantes do primeiro escalão do governo foram divulgados, numa rede social, por um perfil do Anonymous Brasil, no dia seguinte, foi a vez de circular pelos grupos de WhatsApp um dossiê com fotos e endereços das redes sociais, e outros detalhes de pessoas tachadas como anti-fascistas. O material começou a ser recebido um dia depois de o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP) mostrar uma lista que, segundo ele, tinha recebido, contendo entre 700 e mil nomes, depois que fez um pedido público em seu Twitter. Apesar de terem associado o dossiê a Garcia, ele garantiu que não vazou nada. O deputado é investigado no inquérito das fake news, no Supremo Tribunal Federal.

 

Reforço de efetivo na Esplanada

 

O risco de haver confronto entre manifestantes em Brasília, hoje, levou o Governo do Distrito Federal a reforçar o monitoramento da Polícia Militar. O governo federal também acompanha a movimentação de manifestantes contra e a favor do presidente Jair Bolsonaro. Um contingente de 300 policiais da Força Nacional de Segurança Pública estará de prontidão na Esplanada, caso tenham de entrar em ação.

 

Durante a semana, Bolsonaro chegou a pedir, em sua live, que manifestantes pró-governo evitassem ir às ruas. Esse pedido, no entanto, não será atendido por algumas pessoas que apoiam o governo e que promeTem marcar presença na Praça dos Três Poderes.

 

O próprio presidente é assíduo frequentador de todas as mobilizações que acontecem em Brasília em sua defesa, as quais são organizadas por grupos de extrema direita e que pedem o fechamento do Supremo Tribunal Federal e a saída de Rodrigo Maia da Presidência da Câmara. Ele se referiu às mobilizações contra seu governo como ações “terroristas”, emulando as palavras do presidente americano Donald Trump.

 

A mobilização de hoje deve marcar uma mudança de postura em Brasília em relação a Bolsonaro que, até então, não assistiu a grandes mobilizações contra ele. Os últimos domingos na capital têm sido marcados por manifestações a favor do presidente. Um grupo de extrema direita, autodenominado 300 do Brasil, tem feito diversos atos antidemocráticos e de cunho fascista na Praça dos Três Poderes. Há receio de que esses manifestantes entrem em choque com grupos que pedem o impeachment de Bolsonaro.

 

Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) declarou que “está preparada para orientar a população e garantir a segurança e o direito à manifestação das pessoas” e que as Forças de Segurança e os demais órgãos do DF estarão presentes com o “efetivo necessário”. Por questões de segurança, haverá mudanças no trânsito da Esplanada e não será permitido o acesso de veículos à Praça dos Três Poderes, somente o de pedestres.

 

 

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