Politica

FHC: vigilância e união garantem a democracia

Em live, ex-presidente exorta Rodrigo Maia e governadores a acompanharem as atitudes de Bolsonaro



O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, ontem, que as pessoas têm hoje liberdade no Brasil para se expressar, mas que não é possível fechar os olhos. “Temos de ficar alertas”, disse o tucano durante live promovida pelo movimento Direitos Já!, com personagens de vários espectros políticos, como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e os governadores Flávio Dino (PCdoB-MA) e Camilo Santana (PT-CE). A conversa virtual foi comandada pelo coordenador do grupo, Fernando Guimarães.

“Não está na hora de escondermos o nosso sentimento democrático. A cultura democrática ainda não está enraizada. Ele (Bolsonaro) tem uma agenda que não é democrática, e nós, que somos democratas, temos de nos contrapor a isso”, disse FHC, no contexto dos atos pela democracia.

Ex-presidente do STF e ex-ministro da Justiça e da Defesa, Nelson Jobim também participou da live e afirmou não ver espaço para as Forças Armadas ajudarem numa suposta ruptura. “Não há possibilidade nenhuma de fazerem qualquer intervenção, não há interesse em repetir (o golpe de) 1964. Meu receio é com a tentativa de aproximação com as forças policiais dos estados”, advertiu.

O governador Camilo Santana (CE), que enfrentou um motim policial no começo do ano, ressaltou que, recentemente, a política tem entrado nos quartéis com mais força. “Esse envolvimento da polícia com a vida partidária é grave. O que fizemos aqui foi um movimento de resistência. Aprovamos uma PEC que veta anistia e aumento diante de motins, o que ajudou a impedir movimentos semelhantes em outros estados”.

Rodrigo Maia assegurou que uma frente ampla pela democracia tem se consolidado nos últimos meses, com representantes de espectros políticos distintos aceitando a debater conjuntamente. “Tenho conversado com políticos com os quais não conversava antes. Mas são os alicerces atuais da sociedade que precisam mudar, para reduzirmos concentração de renda e desigualdade social”, afirmou

Na avaliação de Jobim, essa frente política ampla não se constrói assinando papel, nem tentando qualquer solução que não passe pelo voto. Mesma opinião de Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão. Ele se disse “otimista” com a proliferação de grupos a favor da democracia e sem exigir nada de forma cartorial.

“E para que tudo isso? Manifestos, notas de repúdio? Acho que tudo tem o seu papel, o importante é encontrar a agenda certa. Qual é a agenda imediata? Saúde, emprego e renda para evitar o caos”.

Mas, segundo o governador, a agenda do impeachment também está colocada. “Essa depende mais dele (Bolsonaro) do que de nós. Ele está com espírito de serial killer: a cada dia, mata um artigo da Constituição”, salientou.