Politica

Bolsonaro critica demarcações e diz que índio 'sempre foi massa de manobra'

"Todo mundo aqui é favorável ao índio que é nosso irmão, mas o índio sempre foi massa de manobra nessas questões aí", disse o chefe do Executivo


 
O presidente Jair Bolsonaro evitou comentar as manifestações contra o governo que ocorreram neste domingo (7/06) nacionalmente. No entanto, voltou a criticar as demarcações territoriais indígenas e afirmou que pretende aprovar um projeto de lei sobre regularização fundiária.
 
De tarde, após cumprimentar e tirar fotos com cerca de 30 motociclistas, sem o uso da máscara, Bolsonaro falou com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada, em especial, uma comitiva do Pará. Trajando camisetas amarelas com dizeres “A Amazônia é dos brasileiros”, o grupo intercedeu ao presidente pela regularização fundiária das áreas na região. 
 
"Você viu que a medida provisória caducou, né", disse Bolsonaro. 
 
Outro apoiador reclamou sobre uma ação de fiscalização do Ibama que estaria ‘queimando casas de agricultores e colonos’ e reclamou que o limite das demarcações existentes é muito amplo. “É muito longe o limite que eles demarcaram, é mais de um dia de barco até os índios. Essa fofoca que o pessoal passa de que existe contato com o índio isso é mentira”.
 
O presidente respondeu: “Tem uma lei feita lá trás. Eu, particularmente, tenho a minha posição. Agora, tem que cumprir a lei. Agora, se há algum exagero, parece que existe. A gente vai buscar uma posição”, prometeu.
 
Ao que outro apoiador insistiu para que o chefe do Executivo “olhasse por eles”, Bolsonaro rebateu dizendo que o governo se preocupa com a questão, que todos são favoráveis aos índios, mas caracterizou os mesmos de “massa de manobra”.
 
"O governo está preocupado com isso. A Amazônia é cobiçada pelo mundo todo, não é de hoje. Não é a toa que tem milhões de ONG’s lá e não tem no Nordeste, para exatamente nos tornar mais fracos na defesa da Amazônia. O que alguns países estão de olho é na riqueza mineral que tem lá, a sua biodiversidade. Isso vem de lá de trás dos anos 90. Eu cheguei para botar um ponto de flexão. O que está homologado, você não vai conseguir, no meu entender, rever essas questões todas. Eu botei um freio de arrumação. Todo mundo aqui é favorável ao índio que é nosso irmão, mas o índio sempre foi massa de manobra nessas questões aí".

Bolsonaro aproveitou para criticar a imprensa e explicou aos apoiadores que não poderia falar sobre o assunto conforme gostaria por conta da presença da mídia no local. "A imprensa ouvindo aqui, eu não posso ficar muito à vontade. Vocês entendem o que que estou fazendo. E o que não estou fazendo também. O Brasil é um só. Se tivesse uma imprensa honesta, não tinha problema, mas não é. É desonesta”.
Em seguida, ele afirmou que está “tentando um projeto de lei sobre regularização fundiária".
 
Instigado por outro apoiador, Bolsonaro comentou também a prisão do ex-secretário estadual em Santa Catarina, Douglas Borba, envolvido em uma operação que investiga a compra de 200 respiradores feita sem licitação e com pagamento adiantado de R$ 33 milhões. "Roberto Jefferson falou do Covidão", apontou o presidente.
 
Um outro simpatizante sugeriu que ele estabelecesse uma comunicação com a sociedade civil e orgãos do governo para resolver o assunto. De pronto, Bolsonaro rebateu corrigindo o mesmo: "Vamos corrigir. Não tem sociedade civil, é sociedade. Isso (sociedade civil) inventaram para tirar militar de fora. Onde querem sacanagem, tira militar de fora", disse.
 
Por fim, Bolsonaro disse que "já ajuda" quando impede novas demarcações. "Eu sei dos problemas. Não tenho o poder de avançar muito. É o aparelhamento de pessoas de Legislação. Para você mexer num decreto tem que ser uma lei. Eu não fazendo muita coisa já ajudei vocês. Se fosse o anterior, a cada vez que voltava de encontro com líderes internacionais assinava dezenas de decretos aí cada vez mais inviabilizando as atividades econômicas e inviabilizando  a nossa economia".

Governadores: "Não queiram colocar no meu colo"

Bolsonaro também voltou a culpar os governadores pelas medidas restritivas tomadas visando o enfrentamento do novo coronavírus e tratou de se desvencilhar de possível ‘culpa’ pelo aumento do desemprego no país. Ele culpou os líderes estaduais: “Não queiram colocar no meu colo”. A fala foi dita após uma apoiadora ter reclamado a respeito do governador de São Paulo, João Doria.
 
O presidente lembrou ainda uma decisão do Supremo Tribunal Federal que aponta que governadores e prefeitos devem resolver sobre questões de reabertura de comércios e quarentena. 
 
"O Supremo Tribunal Federal decidiu que os governadores e prefeitos é que são responsáveis por essa política, inclusive isolamento. Agora está vindo uma onda de desemprego enorme aí. Informais e o pessoal formal também. Não queiram colocar no meu colo. Isso compete aos governadores a solução desse problema que está acontecendo quase que no Brasil todo".

Poucos minutos antes, o chefe do Executivo disse que a previsão diante da crise econômica do novo coronavírus é de que 18 milhões de brasileiros fiquem desempregados. 
 
"Aí, pessoal. O segundo problema vem aí. O desemprego. O governadores disseram não trabalhem, fiquem em casa. A previsão é de 18 milhões de desempregados, além dos informais que perderam tudo".