Correio Braziliense
postado em 08/06/2020 04:12
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), compartilhou, entre interlocutores, um editorial do jornal britânico Financial Times, que atribui ao presidente Jair Bolsonaro ter acendido o “medo” quanto ao futuro da democracia brasileira e criado um risco real e crescente de uma virada autoritária. O texto cita o próprio ministro, o mais antigo nos quadros da Corte. A publicação faz referência à mensagem que Celso de Mello encaminhou a interlocutores, comparando o Brasil atual e a Alemanha nazista de Hitler. Em mensagem de WhatsApp, dia 31, o decano acusou bolsonaristas de odiarem a democracia e de pretenderem instaurar uma “desprezível e abjeta ditadura”.
“Isso pode soar exagerado”, disse o FT sobre a mensagem do ministro, “mas poucos presidentes eleitos atenderiam e contemplariam protestos nos quais os manifestantes pedem pelo fechamento do Congresso e da Suprema Corte, sendo substituídos por uma lei militar. Ainda assim, isso é o que o Sr. Bolsonaro fez — não uma, mas várias vezes. No fim de semana passado, ele apareceu em uma dessas manifestações montado a cavalo”, descreveu o jornal.
Advertência
Na mensagem que enviou a interlocutores, junto com uma cópia do editorial, Mello disse que a “advertência” era necessária. “Editorial de hoje, domingo, dia 07/06, do jornal britânico Financial Times sobre a conduta inconstitucional de Bolsonaro, com referência à minha advertência, ‘exaggerated’, porém necessária em face dos contínuos ataques à Corte Suprema e ao Congresso Nacional, visando o seu shutdown (fechamento)!”, escreveu o magistrado no WhatsApp.
O decano é o relator do inquérito que investiga a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal, com base em acusação do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. A investigação pode levar ao afastamento do presidente se eventual denúncia da Procuradoria-Geral da República não for aceita pela Câmara dos Deputados.
O FT comparou Bolsonaro ao presidente americano Donald Trump, citando características comuns aos dois, como o nacionalismo, a forma que usam o Twitter e as falas com objetivo de intensificar a divisão entre seus apoiadores e a oposição. “No Brasil, há uma possibilidade mais preocupante: que Bolsonaro, cada vez mais confrontado, esteja desiludido com o processo democrático e queira minar as instituições que sustentam o país”, disse o jornal.
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