Correio Braziliense
postado em 09/06/2020 04:03
O presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores, ontem, que o “grande problema no momento” são os manifestantes contrários ao seu governo, que realizaram protestos no domingo em diversas capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Goiânia, Belém e Porto Alegre. Em algumas delas, também houve ato a favor do Executivo federal.
“O grande problema, no momento, é esse que vocês viram um pouco na rua ontem (domingo). Estão começando a colocar as mangas de fora. É muito interesse que tem no Brasil, de dentro e de fora. Pode ter certeza, eu não vou desistir”, afirmou Bolsonaro.
Ele disse aos apoiadores que o país passou por uma doutrinação por mais de 30 anos. “Cada vez mais, formando militantes. Tem gente que faz isso não é nem por maldade, é porque está na cabeça dele assim mesmo”, frisou.
Classificados por Bolsonaro na semana passada como “marginais” e “terroristas”, manifestantes fizeram atos majoritariamente pacíficos. A adesão foi maior em São Paulo, onde também houve panelaços e buzinaços contra o presidente. Após o protesto terminar, a Polícia Militar usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar um grupo pequeno, que continuava nas ruas de Pinheiros, na Zona Oeste.
Os movimentos de oposição ao presidente confirmaram novos atos para o próximo fim de semana. Lideranças disseram que, apesar da pandemia, vão continuar com os protestos públicos, tomando os devidos cuidados.
Coordenador nacional da Central de Movimentos Populares (CMP) — uma das entidades que formam a frente Brasil Popular —, o advogado Raimundo Bonfim fez uma avaliação positiva dos protestos realizados pelo Brasil. Ele destacou a união de representantes de grupos periféricos e da classe média e a pauta democrática, de oposição ao governo.
“O ato cumpriu com o objetivo. Não só o ato do Largo do Batata (em São Paulo), como no Brasil inteiro. As fotos estampadas em todos os jornais mostram que foi uma manifestação contrária ao governo Bolsonaro, diferentemente de outros atos do último mês, quando pessoas defendiam a volta do regime militar, a intervenção e o fechamento do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal).”
O líder do movimento Somos Democracia, Danilo Pássaro, afirmou que a manifestação cumpriu o propósito, pacificamente. “(O ato) mostrou que a maioria não apoia as políticas genocidas e o autoritarismo do governo”, disse.
Segundo Pássaro, após o primeiro protesto realizado pelo grupo, no último domingo de maio, representantes de outras torcidas organizadas — o Somos Democracia foi fundado por membros da Gaviões da Fiel — o procuraram para se unirem ao grupo. (Com Agência Estado)
Investigação contra PMs
Após vídeos mostrarem agressões contra manifestantes em São Paulo, a Ouvidoria da Polícia instaurou procedimento que pede a investigação da conduta de PMs na dispersão de um grupo que protestava contra o presidente Jair Bolsonaro no domingo. O órgão quer a identificação dos policiais envolvidos e seu afastamento da corporação até que uma investigação seja concluída. Segundo o governador João Doria (PSDB), a Corregedoria da Polícia Militar deve analisar imagens para apurar como foi a conduta dos agentes de segurança. Gravações que circulam nas redes sociais mostram PMs desferindo pontapés e golpes de cassetete contra manifestantes que corriam na Avenida Teodoro Sampaio, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Um dos vídeos mostra um policial chutando um homem no chão, enquanto outro policial golpeia a mesma pessoa com cassetete. No outro lado da rua, na esquina com a Rua Mourato Coelho, outro PM chuta a perna de uma pessoa para que ela caia na calçada, e fique ao lado de um grupo de quatro pessoas já imobilizadas e deitadas com a barriga no chão, enquanto seus pertences são revistados.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.