Politica

MPF vai investigar Secom após divulgação de anúncios em sites inadequados

Segundo o jornal O Globo, MPF vai apurar se a Secretaria de Comunicação Social do governo cometeu improbidade administrativa

Correio Braziliense
postado em 10/06/2020 21:31
Segundo o jornal O Globo, MPF vai apurar se a Secretaria de Comunicação Social do governo cometeu improbidade administrativaO Ministério Público Federal (MPF) vai investigar se a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) cometeu atos de improbidade administrativa por ter financiado cerca de 2 milhões de anúncios publicitários que foram divulgados em sites pornográficos, páginas que difundem fake news e jogos de azar e em endereços eletrônicos que promovem o presidente Jair Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). As informações são do jornal O Globo.

O MPF pediu à secretaria a lista de todas as páginas que divulgaram as propagandas oficiais. Além disso, o órgão vai apurar o contrato entre a Secom e a plataforma AdSense, serviço de publicidade oferecido pelo Google responsável por ter direcionado os anúncios do governo. O secretário de Comunicação Fábio Wajngarten terá um prazo de dez dias para se manifestar ao MPF sobre o caso.

As informações de que as peças publicitárias do Executivo acabaram divulgadas em páginas impróprias foram reveladas em um relatório produzido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News. Segundo o documento, a maior parte dos anúncios estava relacionada à campanha do governo para promover a reforma da Previdência, aprovada no ano passado no Congresso Nacional. 

A verba da Secom foi distribuída por meio do Google AdSense, que paga um valor ao site a cada vez que um usuário clica na publicidade ou apenas visualiza. No topo da lista dos que mais receberam verba pública para divulgar a publicidade oficial está o site "Resultados Jogo do Bicho", com 319.082 impressões - a quantidade de vezes que o anúncio foi exibido aos usuários do site. O jogo do bicho é proibido no Brasil e sua prática é considerada uma contravenção

Outra descoberta da CPMI foi que dos 20 canais no YouTube que mais veicularam anúncios da Nova Previdência (nome da campanha governo), 14 são primordialmente destinados ao público infanto-juvenil. Entre eles, até mesmo um que tem todo o seu conteúdo em russo. "Juntos, esses 14 canais infanto-juvenis concentraram 2.392.556 das 12.026.980 impressões da campanha da Nova Previdência veiculadas no YouTube entre 06 de junho e 13 de julho de 2019 (19,89% de todos os anúncios veiculados no YouTube nesse período)", diz um trecho do relatório.

Saiba Mais

No total, o governo bancou 653,4 mil anúncios em 47 sites de fake news. O que mais recebeu dinheiro, com 66.431 peças publicitárias veiculadas em pouco mais de um mês, foi o portal Sempre Questione, que publica conteúdos falsos variados, como textos sobre múmias alienígenas e existência de portais para o inferno. Estão entre os sites que os integrantes da CPMI apontam como veiculadores de notícias fraudulentas o Jornal da Cidade Online, o Terça Livre, a Folha do Brasil e o Diário do Centro do Mundo.

Em coletiva de imprensa na semana passada, a Secom se eximiu da responsabilidade e culpou o Google. “A Secom não fez e não fará investimento de nenhum real em qualquer blog que seja, por minha determinação. A Secom não fará nenhum investimento no blog A ou B ou Z. Não é verdade a narrativa de hoje. Na Secom do presidente Bolsonaro não há desvios, não há favorecimento de A, B ou Z. A Secom preza a tecnicidade e a economicidade”, disse Wajngarten

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