Correio Braziliense
postado em 11/06/2020 04:14
O Ministério Público Federal (MPF) vai investigar se a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) cometeu atos de improbidade administrativa por ter financiado cerca de 2 milhões de anúncios publicitários que foram divulgados em sites pornográficos, páginas que difundem fake news e jogos de azar e em endereços eletrônicos que promovem o presidente Jair Bolsonaro. As informações são do jornal O Globo.
O MPF pediu à secretaria a lista das páginas que divulgaram as propagandas oficiais. Além disso, o órgão vai apurar o contrato entre a Secom e a plataforma AdSense, serviço de publicidade oferecido pelo Google, responsável por ter direcionado os anúncios do governo. O secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, terá prazo de 10 dias para se manifestar ao MPF sobre o caso.
As informações sobre as peças publicitárias foram reveladas em um relatório produzido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News. Segundo o documento, a maior parte dos anúncios estava relacionada à campanha do governo para promover a reforma da Previdência, aprovada no ano passado no Congresso.
A verba da Secom foi distribuída por meio do Google AdSense, que paga um valor ao site a cada vez que um usuário clica na publicidade ou apenas visualiza. No topo da lista dos que mais receberam verba pública para divulgar a publicidade oficial está o site “Resultados Jogo do Bicho”, com 319.082 impressões — a quantidade de vezes que o anúncio foi exibido aos usuários do site. O jogo do bicho é proibido no Brasil e sua prática é considerada uma contravenção.
No total, o governo bancou 653,4 mil anúncios em 47 sites de fake news. O que mais recebeu dinheiro, com 66.431 peças veiculadas em pouco mais de um mês, foi o portal Sempre Questione, que publica conteúdos falsos como textos sobre múmias alienígenas e portais para o inferno.
Na semana passada, a Secom eximiu-se da responsabilidade e culpou o Google. “A Secom não fará nenhum investimento no blog A ou B ou Z. Na Secom do presidente Bolsonaro não há desvios, não há favorecimento de A, B ou Z. A Secom preza a tecnicidade e a economicidade”, disse Wajngarten.
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