Correio Braziliense
postado em 11/06/2020 04:14
Tensão Suprema
Os líderes dos partidos do Centrão fizeram chegar ao presidente Jair Bolsonaro que, em relação ao Congresso, ele não precisa se preocupar. Salvo alguns projetos mais ideológicos, como o caso da ampliação do poder do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para indicar reitores das universidades, ele não terá maiores dissabores a preços de hoje. A mesma tranquilidade não se repete em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, por isso, a instituição virou alvo preferencial dos bolsonaristas.
A Corte, diz o ex-ministro Ayres Britto, é o detentor do papel de poder moderador do país para balancear as coisas, quando Legislativo ou Executivo trafegam fora da curva. Lá, haverá a continuidade do inquérito das Fake News, pelo menos até julho, e prosseguem as investigações a respeito da tentativa de interferência na Polícia Federal.
Políticos sairão a campo, neste fim de semana prolongado pelo feriado, para auscultar quais são os limites que o STF pretende dar a essa investigação, conforme defendeu a Advocacia Geral da União (AGU) no início do julgamento.
Só sai se quiser
A Medida Provisória 979 foi vista no meio político como um recado direto àqueles que pedem a saída de Abraham Weintraub do cargo. O ministro fica e, a cada dia, mais poderoso. A MP dá a Weintraub a prerrogativa de indicar os reitores temporários de universidades que deveriam passar por eleição de novo comandante em plena pandemia.
Teste de fogo
A aposta hoje dos políticos é a de que o inquérito das Fake News testará a capacidade de Bolsonaro de lidar com intempéries que envolvem seus aliados mais próximos. E tem muita gente preocupada com a seguinte situação: se o presidente não consegue tirar de letra uma eleitora que vai à porta do Alvorada perguntar sobre as mortes causadas pela covid-19, imagine situações mais estressantes.
Ranking das ressalvas
Levantamento do próprio Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as ressalvas das contas presidenciais mostra que Jair Bolsonaro empatou com Lula no primeiro ano de governo: 14 para cada um. Em termos de distorções, ou seja, tecnicalidades consideradas menores, Bolsonaro lidera, com 27. Lula teve apenas seis. Já as contas do primeiro ano de Dilma (2011) tiveram oito ressalvas, e de Michel Temer (2017), cinco.
Sem estresse
No quesito contas governamentais, portanto, Bolsonaro não tem por que se preocupar, e ainda poderá recorrer ao discurso de que o TCU está muito mais rigoroso nesse tema. Antes, o Tribunal deixava passar muita coisa.
CURTIDAS
Os recados de Cabral/ A live de Marco Antonio Cabral, filho do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, reclamando que Eduardo Paes (foto) abandonou seu pai, a quem “antes chamava de chefe”, foi vista por alguns como uma tentativa de chantagem. Marco Antonio diz que seu pai continuará colaborando com as investigações, o que deixou muitos no Rio preocupados com a possibilidade de Cabral até “inventar” coisas a respeito do ex-prefeito. Paes não é visto como alguém do esquema que levou o ex-governador à prisão.
Glossário/ Carlos Bolsonaro, o 02, exibiu num tuíte um gravador e o que parece ser um estofado descosturado. E escreveu: “Atenção Polícia Federal: Capivara na área”. Capivara, na linguagem policial, quer dizer “folha corrida”, ou seja, “bandido”.
Para bons entendedores.../ O presidente aproveitou a deixa e exibiu a foto de uma capivara numa sala de aula. Exibir uma foto dessas no dia em que editou a MP 979, sobre a troca de reitores das universidades, alguns entenderam que ele se referiu a quem frequenta as instituições de ensino.
Comunicação direta é assim mesmo/ Quem transformou a entrada do Alvorada em local de desabafo para seus eleitores foi Bolsonaro. Governar não é receber aplausos o tempo todo, tampouco críticas 24 horas.
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